Edson Vidal

Enquanto Esperamos

Ontem foi a data oficial da diplomação dos candidatos eleitos no último pleito, ocasião em que os mesmos receberam das mãos do Desembargador Presidente do Tribunal Regional Eleitoral, no mesmo dia e em cada estado da federação, o certificado que atesta suas vitórias nas urnas. E quando não pairar dúvida acerca da idoneidade e respeitabilidade do pleito, o candidato diplomado estará apto para assumir o cargo eletivo. Na eleição majoritária do ano de 2.014 no Estado do Paraná, quando então foram eleitos como Presidente da República Dilma Roussef, o governador do Estado Carlos Alberto Richa, o Senador Álvaro Dias, Deputados Federais e Estaduais, eu estava no exercício do cargo de Presidente de nossa Corte  Eleitoral, e o ato solene em comento foi realizado no Salão Nobre da Universidade Positivo, no campus do Mussunguê.  Só não foi diplomado o Presidente da República que recebeu o seu certificado perante o Tribunal Superior Eleitoral, em Brasília . Porém os demais eleitos receberam seus respectivos títulos no evento citado, perante as autoridades civis, militares, eclesiásticas, e o povo em geral, quando então proferi o discurso que agora transcrevo (em parte) como tema de fundo desta crônica: “Peço respeitosa licença para me dirigir aos presentes com a autoridade de Presidente desta Corte Eleitoral, como chefe de família e cidadão, que presta serviços à causa pública do Estado do Paraná, por mais de 57 anos, sendo 45 deles dedicados à Justiça. (…). 
Contudo, falo com o mesmo entusiasmo, impetuosidade e responsabilidade que sempre norteou meus pensamentos. 
Principio exteriorizando estranheza pelo momento que atravessa nosso país, todo ele mergulhado em deplorável criminalidade e de notícias estarrecedoras de corrupção em diversos setores da administração pública. 
Causa indignação o silêncio que amordaça o grito das pessoas de bem, que não podem sair às ruas, porque são sufocadas e escorraçadas por agitadores e pelegos profissionais; quadra estranha do momento social pois quem deveria falar, não fala, e quem deveria calar abre a boca para disseminar sofismas que se prestam para cooptar multidões de desavisados. 
Indago onde estão as Instituições que têm por atribuição fiscalizar e que não fiscalizam ? Exemplo disso a Receita Federal que é rigorosa e intolerante com os erros não dolosos praticados pelos contribuintes assalariados, mas que fecha os olhos para agentes públicos, eventuais ou não, que sabidamente sem bens de raiz, ostentam modo de vida de duvidoso aquinhoamento. E a douta e prestigiosa OAB que de longe está assistindo calada o desmoronamento do patrimônio publico e do estado democrático de direito. 
Meu Deus! O que está acontecendo em nosso país? A vida humana está banalizada; o princípio de autoridade está banalizado; a violência crescente põe em risco a tudo e a todos e faz com que a população coloque grade nas janelas de suas casas e os pais ficam sobressaltados quando seus filhos não estão sob suas proteções. 
Forçoso reconhecer que a alta estima do povo brasileiro está combalida pela estrondosa sequência de uma corrupção institucionalizada, envolvendo agentes políticos por ação ou omissão, doleiros é mega empresários. 
E para piorar, a inflação embala o Brasil como nau sem rumo, sem timoneiro e à deriva, navegando a sorte da maré pelo vai e vem descompassado da economia, com absurdo arrocho tributário, penalizando bons empresários e trabalhadores. É o Brasil uma enorme embarcação que navega com os porões cheios de dívidas, incertezas e seus passageiros sufocados pela desesperança!
Mas apesar de retratar um quadro real e descolorido , abro um parênteses para dizer que, apesar disso tudo, não sou arauto da desgraça; pois ainda acredito que juntos poderemos reverter tão aflitiva situação. 
E o caminho para o Brasil e os brasileiros saírem dessa agonia está nas mãos de Vossas Excelências, dignos diplomandos, se resgatarem perante a opinião pública a representatividade da classe política e o princípio da autoridade legislativa que é “Pedra de Toque” mais importante para a perpetuação da democracia.
Está às escâncaras que caem sobre seus ombros a responsabilidade de colocar a nau brasileira no rumo certo, fiscalizando os agentes públicos do Estado Administração como um todo, dando exemplo de respeito ao erário publico e trabalhando exclusivamente com os olhos e intenções dirigidas ao bem comum e zelo com as políticas públicas. 
Somente pelo trabalho de um governo consciente, produtivo, zeloso e respeitoso, que o Chefe do Poder Executivo pode colher bons frutos; de igual forma, somente pelo desprendimento de servir à causa pública e defender o primado da lei é que os parlamentares podem merecer  a alta estima dos eleitores.
Daí, porquê, Senhores diplomandos, é preciso honrar os diplomas que lhes serão entregues nesta Sessão Solene da Corte Eleitoral, pois o através deles que Vossas Excelências terão legitimidade para tomar posse nos cargos que foram eleitos, e devolverem o direito que todos nós brasileiros temos de poder alcançar a felicidade protegida pela lei, a Ordem, a Segurança, Educação, Saúde e a Previdência Social.
É por isso que em meu nome e em nome dos jurisdicionados, conclamamos que Vossas Excelências, amanhã, quando estiverem investidos em seus respectivos cargos, lutem e defendam as justas reivindicações do povo, do Estado do Paraná e do Governo da União , sem olhar siglas partidárias, nem ideologias, pois só assim estarão, verdadeiramente, trabalhando e servindo o  Paraná e o Brasil. (…). “
Fica aqui o registro de meu pronunciamento, para simples leitura, enquanto esperamos …

“Embora um texto longo acho que vale a pena ler o discurso que reproduzo nesta crônica, porque foi lido na presença de políticos paranaenses eleitos, autoridades e o povo presente no ato de diplomação. E parece que as preocupações seriam as mesmas, se o Luiz Ignácio retornasse ao poder.”

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