Edson Vidal

No Rodamoinho das Incertezas.

Como é dia de descansar e jogar conversa mole para todos os lados,  vou deixar de comentar fatos do desgoverno que tem preocupado àqueles que pensam no futuro da Pátria, da família e do próprio trabalho, para escrever amenidades bem longe da política. Esta dá brotoejas só de pensar. Não sei o porquê mas nesta noite sonhei que estava no cine Ritz, então localizado na Rua XV de Novembro, assistindo um filme de chanchada da Atlântida cujo título era “Nem Sansão e Nem Dalila” estrelado por Oscarito, com as participações de Grande Otelo, Eliane, Cyl Farney, Mesquitinha, Renata Fronzi e um elenco de inesquecíveis e saudosos artistas de um passado que atuavam para  as famílias poderem assistir. Num rápido resumo o Oscarito entrou em uma máquina do tempo e acabou na época bíblica de Sansão, que era ele próprio quando colocava uma cabeleira que achara num salão de barbeiro. O enredo fazia o publico rir do começo ao fim do filme. Coincidência ou não o Tucides me convidou para ir até sua casa porque ele tinha uma surpresa para me mostrar. E eu fui. Não há de ver que ele inventou uma máquina do tempo que poderia teletransportar pessoas para o passado ou para o futuro? Claro que não acreditei porque conheço o Tucides dos velhos carnavais. Para não decepciona-lo resolvi entrar na brincadeira e perguntei :
- Eu bem que gostaria de “viajar” para a Grécia antiga, a fim de conversar com algum filósofo e saber como a democracia foi implantada em Atenas …
- Quer mesmo ? Sente nesta cadeira (ele apontou um assento de automóvel) e sua vontade será atendida.
Meio sem graça sentei onde ele mandou, só para ver a cara de frustração do meu amigo. E foi só eu sentar e logo me vi como se estivesse dentro de “pé de vento”, com os olhos fechados, e quando o rodamoinho acabou abri os olhos e estava próximo do Pantheon, na cidade-estado de Atenas. Deparei-me com um homem, com típica endumentária grega, tão assustado como eu, mas fui que perguntei primeiro:
- Qual o seu nome ?
- Pictus, o filósofo e célebre adivinho, e você de onde vem ?
- Eu venho do Brasil …
- Já ouvi falar. - respondeu o grego.
- Mas como? Se neste tempo nem a América foi ainda descoberta por Colombo ? - cutuquei.
- Ora estrangeiro, não sabes não, que eu também sou adivinho …
- Tipo Nostradamus ? - insinuei.
- Se você diz, é assim que eu sou.
- Estou curioso para saber um pouco da democracia.
- Ah, por aqui ela vem funcionando muito bem, pois todos tem o mesmo direito de dirigir o país, não existe reeleição e os corruptos são expulsos e permanecem no ostracismo por dez longos anos …
- Putz, que maravilha Pictus! - vibrei de alegria. - Mas e quando o Brasil for descoberto por Pedro Álvares Cabral e a Capital estiver em Brasília ? Haverá democracia ?
- Não como aqui, pois lá ela será chamada de “Lulacracia” -, uma variante do que existirá no socialismo Chinês.
- Como assim ? - me fingi de desentendido. 
- Espere um pouco : vou chamar meu discípulo, o Xéricus, para  ele  dar detalhes de como a Lulacracia funcionará. E Xéricus atendeu prontamente o chamado de seu Mestre e começou a falar:
- Na Lulacracia um tal de Luiz Ignácio não permitirá opiniões divergentes das suas, nem que o povo lhe chame de ladrão, nem que falem da moral ilibada da Janja, muito menos que critiquem o seu governo e nem que façam protesto para destruir prédios públicos de Brasília. 
Fiquei ouvindo tudo de boca aberta, sem falar. E Xéricus prosseguiu:
- Na Lulacracia, a democracia brasileira, haverá um Jurista Impoluto que castigará quem se opuser ao Luiz Ignácio, como uma espécie de Torquemada para aplicar com rigor a lei contra os inimigo, pois para os amigos a lei não passará de letras mortas …
E quando pensei que tinha terminado, Xéricus prosseguiu:
- Na Lulacracia o Luiz Ignácio será o maioral, o pai dos pobres, dos traficantes, dos ditadores, do MST, da Educação Universitária é dos desempregados.
- Chega. - implorei.- Pois não quero ouvir mais nada …
Foi daí que Pictus interveio para acrescentar :
- A Lulacracia servirá para o Luiz Ignácio fazer o que bem entender, pois mandara sem dó e nem piedade, mentindo e roubando (não rigorosamente nesta mesma ordem), rico de marré-marré  até seus últimos dias de vida …
- Pô ! - conclui - O homem então será um Deus ? 
- Isso mesmo, entendeu estrangeiro ? Por isto que outro nome teria a Democracia que criamos para ser implantada futuramente no Brasil ?
De repente surgiu novamente o rodamoinho, fechei os olhos e quando abri, dei de cara com o Tucides.
Daí foi ele que perguntou :
- Então? Deu certo a viagem ? Foi até a Grécia antiga ?
- Fui não - respondi meio borocoxô - Fui cair no futuro e não no passado, bem no meio do Apocalipse, só que desmaiei quando cheguei lá é só estou acordando agora … 

“Não contei como seria a Lulacracia para o Tucides, para evitar que ele enfartasse. Também não vou dizer aos leitores se funcionou ou não a tal máquina do tempo, porquê no atual momento do país é melhor viver na incerteza e fingir que amanhã será melhor que hoje.”
Édson Vidal Pinto

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