Edson Vidal

Lições de Historia.

Como hoje não é dia de pensar escrevi um texto sem nenhum compromisso com o Mobral  e nem com as Universidades Públicas, para não cansar mentes esclarecidas de alunos e doutos professores destes conceituados templos de cultura, mas para espargir conhecimentos de Historia Geral amplo, geral e irrestrito ao povo sem eira e nem beira. Quando fiquei sabendo que Heródoto, o grego, meu amigo e escritor das antigas estava com profunda depressão, temendo pelo pior, fui até a sua casa no bairro Tatuquara, periferia de Curitiba, para saber do porquê do seu estado doentio. E quando cheguei me deparei com o ancião  olhando fixamente para o Luiz Ignácio que lhe dizia  que foi o Marechal Floriano Peixoto que proclamou a República no Brasil. Logo entendi o porquê de sua doença. E como nao gosto do “nosso” Presidente fiquei ouvindo a conversa: 
- E quem foi Átila ? - perguntou Heródoto.
- Ora, companheiro, Átila  foi o presidente da Escola de Samba Gaviões da Fiel, campeã do carnaval de Antonina…
- Ele por acaso não foi o rei dos hunos ? - insistiu o interlocutor. 
- Que nada, ele não foi rei coisa nenhuma. Na verdade trabalhava como frentista num posto da Texaco.
- E George Washington ? - perguntou ruborizado o historiador: 
- O George tocava até a semana passada saxofone num cabaré da Lapa, bairro boêmio do Rio de Janeiro; e Washington é a capital do Suriname …
Vi o Heródoto suando e com palpitações, mas não interrompi a “aula” do petista. 
- Por favor, me diga, como terminou a guerra do Peloponeso ? 
- Não, que guerra que nada, foi uma trivial escaramuça acontecida no Morro do Alemão, por causa do tráfico de drogas, que acabou em roda de pagode, animado pelo Zeca…
- E o Alexandre, O Grande ? - quis saber o o grego. 
- este é grande mesmo ! Ele atualmente está no STF conquistando glórias e lapidando doutas decisões, além é claro de só prender bons cidadãos, mulheres e crianças e soltar criminosos inocentes …
O rosto de Heródoto estava mais vermelho que pimentão e o seu coração quase saindo pela boca. Acho que ele deveria estar atônito com a cultura geral do “nosso” honestíssimo Luiz Ignácio: 
- Me esclareça, eu imploro, como morreu o José Joaquim da Silva Xavier ?
- O José Joaquim ?
- Sim, o José Joaquim …
- Não estou lembrando deste Mané, vou perguntar para o companheiro Mercadante, que foi Ministro da Educação e está tomando um cafezinho na cozinha. Mercadante!
Marcadante ! - Gritou o ex-condenado. E logo apareceu  na sala o fiel puxa-saco :
- Pois não, chefe ? 
- Fiquei um pouco confuso : você lembra do José Joaquim da Silva Xavier ? 
- José… José…ah, lembrei venerável guru : esse indivíduo foi aquele que jogou ovo de canguru na cara do Alckmin, está lembrado ?
- Ah, é verdade …
- Mas estou falando do Tiradentes, o Inconfidente. - balbuciou o filósofo.
- Pois é dele mesmo que estamos falando …
- E como ele morreu ? - quis saber Heródoto.
- Empalamado . Sim, empalamado em plena praça pública ! 
O meu amigo fez uma expressão de horror e vi que algumas lágrimas brotaram de seus olhos. 
Não sei se embevecido com as “aulas” do “Filho do Brasil” ou com pena do tal Tiradentes. Mas esperei um pouco para não interromper a conversa pois achei que o grego ainda aguentaria um pouco mais para sugar tão “invejável” cultura, adquirida pelo ilustre brasileiro na escola da vida. E acertei, porque ele mais uma vez perguntou : 
- Me fale de Sagres, a escola náutica fundada pelo português d. Henrique, deu certo a ideia ?
- Sim, a ideia preliminar deu frutos porque ele construiu uma escola náutica, porém o Henrique vendeu a pequena estrutura para um grupo de educadores que transformaram o empreendimento num mega complexo educacional conhecido como “Grupo Positivo”; tendo um ex-sócio sido eleito Senador da República…
-  Mas com a escola náutica com vistas  às grandes navegações?Foram descobertas novas terras ? Novos continentes ? 
- Bem, pelo que eu sei, até não descobriram nadinha; embora não tenha tido acesso à contabilidade para saber se a venda foi de acordo com o figurino da Receita Federal..  
Foi desta resposta que Heródoto levantou os braços para o céu, fechou os olhos e pendeu a cabeça para o lado, em estado de êxtase pela “inteligência” do pernambucano. Então achei melhor interromper a inusitada reunião e sugerir que saíssemos para o dono da casa descansar. E quando nós três já estávamos na rua , ouvi o Luiz Ignácio perguntar para o Mercadante :
- Companheiro, que cara ignorante é esse Heródoto, só fez perguntas banais e demonstrou que não conhece nem um pouco de História . 
- É mas o senhor ensinou coisas importantes para ele …
- Me diga: de onde ele veio e o que faz na vida ? 
- Não sei chefe,  nunca ouvi falar nada sobre esse tal de Heródoto,  mas pode ser parente do jornalista Heródoto, O Barbeiro …
E antes que me perguntassem apressei o passo sem me despedir e voltei correndo para casa, pois estava com vergonha de dizer aos dois energúmenos que eu não sabia como o grego foi parar no Tutuquara, mas ele é o próprio “Pai da História”…


“Não adianta a pessoa querer ser mais do que o conteúdo da cabeça permite. A falta de cultura e noção do que é certo e errado, não ajuda ninguém a querer ser aquilo que a natureza não tolera. Ser Presidente e ignorante é o mesmo que ser ministro de Tribunal Superior e desconhecer para que serve a lei.” 

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