O Cúmulo dos Cúmulos.
E pensar que tudo começou por volta dos anos 37 d.c., no terceiro reinado romano quando o então Imperador Calígula, simplesmente apaixonado pelo seu cavalo de corrida de nome Incitatus, acabou por nomear dito animal Cônsul da Bitínia. E seu apego ao ilustre equino era tão forte que na noite anterior das corridas ele proibia que na cidade fizessem barulho que pudesse acordar o animal, impingindo pena de morte àqueles que desobedecessem sua ordem. Era o devaneio de um louco varrido sem freios que infernizou Roma. Daí em diante a História conta várias passagens de animais com seus donos protetores, em memoráveis páginas em que os animais foram tratados como se fossem gente e foram ungidos aos píncaros da insensatez humana. Claro que todo dono de animal deve sempre zelar pelo mesmo e até ter um apego, que nada mais é que um sentimento nobre decorrente da própria natureza das pessoas com aqueles que estão mais próximos. E o animal não é exceção. Contudo, ultrapassar estes limites,
não parece razoável para ninguém que pensa e vê o que acontece ao seu redor com outras pessoas que vivem à míngua e desassistidas.
Mal comparando existem animais que vivem melhores do que a grande maioria dos considerados excluídos. Portanto: há que existir um relacionamento de afetividade com os animais mas sem exagero para não caracterizar cretinice. Feito este preâmbulo passo agora a escrever sobre um fato aparentemente patético que faz parte de fundo desta minha crônica. É sabido que a OAB que antes era a lídima defensora da liberdade e de respeito ao Estado Democrático de Direito, perdeu seu lustro e hoje apenas se presta para cobrar a anuidade de seus filiados, pois como entidade de representatividade nacional não restou mais que o seu passado de glórias. É claro, quando no âmbito federal a OAB optou por atender interesses ideológicos e políticos, suas seccionais nos estados se tornaram meros clubes associativos compostos de Comissões sem muita voz. Tanto é verdade que, pasmem, a OAB de Minas Gerais, na gloriosa data de 05 de fevereiro último, seu diligente e culto Presidente o Advogado Sérgio Rodrigues Leonardo, autorizou a ilustre Presidente da Comissão dos Direitos dos Animais, dra. Fernanda São José, nomear Beethoven Fernando Moreira como Diretor Estadual da Coordenadoria Fiscal de Combate aos Maus Tratos dos Animais, sendo referido escolhido filho “bichológico” da Advogada Idamara Fernandes Oliveira. No ato da nomeação com direito a discursos e fotos, a douta Presidente da Comissão, não se contendo dentro de seu inusitado transe disse aos presentes que “Isso é histórico, isso nunca aconteceu em nenhuma Comissão de nenhuma OAB no Brasil.” Com certeza nesta hora o saudoso brasileiro Tancredo Neves estremeceu no túmulo. Pudera : o referido Beethoven não passa de um cachorro de fino trato e de boa procedência, mas um lídimo membro da família dos canídeos, pois tem quatro patas, pelo, orelhas, focinho, boca e late. Com certeza no seu discurso de posse deve ter dito au-au, au-au, au-au e au-au. Dizer mais o quê?
O país está mergulhado na mediocridade, parece que retornamos ao período das trevas, pois até a linguagem do português está sofrendo os horrores dos novos tempos, onde vale tudo, de sacanagem à sacanagem no sentido literal da palavra. Ser honesto e probo é sinônimo de vergonha, como disse com outras palavras o grande Rui Barbosa. Mas o carnaval se aproxima e tudo cai no esquecimento, quem pode vai à praia, quem não pode fica na frente da TV assistindo o animado empurra-empurra dos baianos atrás dos trios elétricos.
Com tantas barbaridades a vida está perdendo a graça e os seres humanos a própria vergonha …
“Au-au-au se você bater no meu parente eu vou te processar. Meu nome é Beethoven e sou diretor estadual da Coordenadoria Fiscal de Maus Tratos aos Animais. Viva a OAB de Minas Gerais! E o Brasil ? Vai muito bem, pois tem um lídimo “irracional” no timão.”