Edson Vidal

Crime Sem Castigo.

É espantoso o aumento de criminalidade no país, com quadrilhas agindo em assaltos dignos de enredos de filmes; matadores profissionais assassinando sem dó e nem piedade; ladrões agindo por toda a parte; e traficantes cada dia mais desafiadores  e dispostos à enfrentar a polícia para defender os espaços conquistados dentro das comunidades carentes. Nesta vitrine de grandes crimes tem também aqueles praticados por homens possessivos e violentos que executam suas mulheres como se estas fossem propriedade e objeto. Sem esquecer dos filhos matando os próprios pais e netos os seus avós. E por quê tudo isto ? Qual a causa ? Pois, é ; o Brasil reflete o seu próprio momento de instabilidade política. Enquanto os políticos buscam conquistar a autoafirmação para se manterem dentro do Poder, a fim de não perderem suas regalias e benesses, o governo federal patina por não ter projeto nenhum e o Judiciário perde cada dia mais a sua respeitabilidade perante a nação, por ter naufragado na imundice da politicalha de bastidores e conchavos. Um bolo recheado de motivos e difícil de ser digerido. E a causa ? A mesma de sempre : a impunidade.  O MP deixou de combater  o crime , por ter escolhido defender o interesse social, deixando de lado o interesse publico, por  ser aquele mais visível e menos perigoso. Seu corpo de agentes moldou-se na política partidária e na ideologia canhestra que defende o bem estar e a higidez física do marginal -, passando a combater a polícia pelos excessos e abusos quando esta tem de enfrentar perigosos guerrilheiros urbanos, fortemente armados. Fico pensando : com o aumento diário dos crimes noticiados  pela imprensa especializada, considerando apenas Curitiba, quantos inquéritos sem solução tramitam pelas delegacias e promotorias? E os de homicídio dolosos e culposos ? Imagine-se São Paulo e Rio de Janeiro ? A Polícia Judiciária sabidamente pela falta de profissionais não tem estrutura para investigar as autorias e circunstâncias de tantos crimes praticados por dia. E como ficam as famílias, as vezes as vítimas, sem que haja solução de continuidade nestes procedimentos? 
Parece que cada dia que passa o Estado perde terreno para os criminosos, estes mais bem estruturados formando  sindicatos (PCC e outros) e que comandam seus grupos mesmo estando dentro das penitenciárias. Existe aparente frouxidão  no âmbito das do penitenciárias e muita tolerância nas demais prisões. Tanto o governo federal, como os estaduais, erraram tecnicamente quando uniram em uma única Secretaria de Estado as atribuições da pasta da Justiça com a pasta da Segurança Pública, ambas com políticas públicas díspares e irreconciliáveis. A Justiça deveria ser responsável pela ressocialização dos presos (condenados) e administrar as penitenciarias; enquanto que a Segurança Pública  comandar  a Polícia Judiciária  e a Polícia Civil  para que cumpram seus deveres previstos constitucionalmente. Erro grosseiro é colocar na titularidade desta super Secretaria um profissional operacional da área  (delegado ou PM), pois não cabe ao Secretário usar revólver na cinta e nem estar na frente das ações de confronto, e sim, que tenha visão estratégica e legal dos problemas comuns da área e que possa conciliar as duas polícias (civil e militar) no sentido de caminharem juntos no combate ao crime. Tarefa árdua e de muita inteligência. No arremate do tema não custa lembrar que os traficantes estão privilegiados no atual governo federal pois o presidente antes  da eleição, subiu o Morro do Alemão no Rio de Janeiro, para pedir votos e entabular acordo que, por certo, não foi nada republicano. Este o quadro da criminalidade do país, que com certeza ficará mais grave há cada dia que passar …

“Bandido é  bandido e policial é policial; se aquele reagir cabe a este revidar sem se preocupar com o resultado. Exigir que o policial pense se deve ou não agir, ou que tenha possibilidade de prever as consequências de sua reação, é porque nunca esteve na frente do perigo. O excesso na reação só não pode transbordar em demasia as circunstâncias do fato em si. Um mínimo de tolerância tem que existir para aquele que está no cumprimento do dever.”

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