Edson Vidal

A Hora e a Vez do Trem.

Lembro que há vinte anos atrás o meu amigo, engenheiro civil e professor Jurismar  Cavichiolo, com uma visão voltada para o futuro apregoava para quem quisesse ouvir a necessidade do Brasil investir na construção do “trem bala”, ligando às cidades de São Paulo ao Rio de Janeiro. Dizia que seria o início da redenção da ferrovia, um meio de transporte rápido, limpo e barato que acabaria com o monopólio dos transportes de passageiros que só tem por opção : usar dos veículos automotores ou aeronaves para seus deslocamentos. Pois estes dois segmentos tem que competir comercialmente com o trem, a fim de proporcionar às pessoas e empresas opção para escolher o meio de transporte que atenda suas necessidades e poder analisar a vantagem dos preços cobrados em cada viagem. E meu amigo ele tem toda razão. O governo federal desde a proclamação da República deixou de lado os investimentos nas ferrovias brasileiras olvidando de sua real importância para a economia e segurança das mercadorias transportadas. No regime capitalista o monopólio dos transportes terrestres e aéreos desequilibram  a competitividade e faz com que a maior procura seja impeditiva para a melhor oferta. Vale lembrar que os Impérios Inglês e Japonês na época aurea de seus expansionismos
sempre implantaram os trilhos nos países ocupados, como melhor meio de interligar e tornar viável a posse territorial, o transporte de riquesas e do povo, para consolidar a unidade da ocupação. Imagine um país de dimensão continental como o Brasil se desde o barão de Mauá até hoje tivesse havido a expansão da malha ferroviária, interligando as regiões norte e sul, leste e oeste. Com certeza o potencial econômico, cultural e turístico seria outro, porque o trem une cidades e transporta riquezas com mínima despesa. Infelizmente na época do JK foi dado ênfase à construção da Fábrica Nacional de Motores com consequente incentivo fiscal para que montadoras implantassem seus parques para construção de veículos automotores - de passeio e de cargas - passando a ignorar o trem e permitindo que frotas das transportadoras ficassem com o monopólio do frete em suas próprias mãos. Estradas desde então passaram a ser os investimentos prioritários e únicos, culminando na realidade de hoje em que empresas e passageiros dependem muito mais do transporte terrestre, do que o aéreo. Uma greve de caminhoneiros coloca em risco a própria segurança nacional, por inexistir outro meio para os transportes de alimentos, combustíveis e mercadorias. O avião é caro, além de uma frota reduzida, o preço do frete e da passagem está além do bolso da maioria da classe média. 
O metrô é um trem urbano que serve os usuários das cidades e não enfrenta o congestionamento que tem os ônibus, são mais seguros e percorrem distâncias maiores em menor espaço de tempo. Nas grandes cidades do mundo o metrô humanizou e tornou mais ágil o deslocamento de pessoas nas áreas mais distantes do centro das cidades. O trem seria uma opção e uma saída para injetar o progresso no país, uma maneira de driblar o monopólio e unir de vez a população brasileira … 


“O governante brasileiro que voltar às atenções para as ferrovias, fazendo os trens unirem o país com seu trilhos sobre fortes dormentes, entrará para a história. 
Pois o trem une as regiões, transporta riquesas e é o meio mais democrático de transportar pessoas. Um grande país tem sempre uma grande malha ferroviária.”

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