Uma Viagem Milionária.
A monarquia inglesa é uma tradição que está ligada a própria história do Reino Unido, um império que dominou grande parte do mundo incluindo a Índia e a China, hoje os mais populosos países do planeta. A suntuosidade das cerimônias públicas com aparato militar de hierarquia rígida e obediente ao Rei, tem custos consideráveis mas é compensada com o número de turistas que lotam hotéis, restaurantes e gastam no comércio no afã de visitarem lugares onde a realeza convive, castelos, monumentos famosos e prédios recheados de histórias.
É claro que também tem os do contra, que não aceitam e criticam o modo de vida e privilégios que desfruta a família real com os gastos do governo para suas manutenções. Afora os escândalos que de quando em quando arranham e expõem à nu a respeitabilidade da família Stuart. Mas é inimaginável pensar o Reino Unido sem o regime monárquico. E enquando eu digitava estas elucubrações na telinha do meu celular ,
sentado num banco do Parque Barigui para aproveitar a temperatura do outono curitibano, chegou o meu amigo Tucides e sentou do meu lado. Num lançar d’olhos viu que eu estava escrevendo e falou:
- Você escreveu sobre o “nosso” Reizinho ?
Olhei surpreso para o meu amigo e respondi:
- Reizinho ? Que Reizinho? O único Reizinho que conheci era o personagem principal de uma revista em quadrinhos que levava na capa o mesmo nome …
- Nada! - respondeu o Tucides. - O “nosso” Reizinho do qual estou falando é o Luiz Ignácio com a sua rainha Janja.
Não falei nada e esperei ele prosseguir:
- Eles são os nossos monarcas da República das Bananas, pois gastaram nosso dinheiro comprando móveis caríssimos para decorarem o Palácio Alvorada, sem falar numa cama que saiu o olho da cara!
- É que eles estão em lua de mel. - aticei com certa malícia.
- Ora , ora, dois urubus com tantas horas de voo não precisavam de tanto espaço para aterrizarem no ninho …
Não pude conter meu riso e me calei.
- E você sabe quanto custou a comitiva que foi assistir a coroação do Rei Charles IIII e da Rainha Camilla, a velha, para os cofres do Brasil?
- ?
- A bagatela - respondeu o Tucides com o seu cinismo habitual - de R$ 1.331. 395, 82 !!!! Basta ler os valores no “Portal da Transparência” publicado pelo governo.
- Viva o PT ! - gritei sem querer e pedestres que estavam nas imediações fazendo suas caminhadas domingueiras, me olharem com caras de poucos amigos. E um deles até me dirigiu um sonoro palavrão. Desta vez foi o Tucides que riu da minha própria vergonha. Mas para retornarmos a conversa falei:
- Turma de pródigos e desavergonhados não é mesmo ?
- Mas isto não é nada meu amigo …
- Não? E o que pode ser pior ?
- O transporte da “abóbora”…
- Abóbora, que abóbora ?
- Ora, do vestido maravilhoso que a Janja vestiu para a cerimônia de posse …
- Aquele tipo paraglider?
Uma roupa para flutuar no ar de cor amarela ?
- Esse mesmo.
- E o quê tem o vestido ?
- Meu amigo - continuou o Tucides - de tão grande que é não coube dentro do avião da presidência. O Luiz Ignácio sugeriu para a sua mulher que ele fosse doado para um pescador inglês usar como vela para o seu barco, mas a Janja bateu o pé e não aceitou pois o vestido é exclusivo e feito apenas para ela usar.
- E daí ?
- O Mercadante, um puxa saco de primeira, para colocar fim no impasse sugeriu que o vestido viesse de navio, dentro de um contêiner.
- E ?
- A Janja ficou horrorizada com a ideia porque a ferrugem da “caixa” de aço poderia respingar e estragar o vestido …
- Então o vestido ficou em Londres ?
- Que nada, você não conhece a Janja. Ela convenceu o marido mandar um jatinho da FAB “buscar” vestido.
- É o fim da picada ! - respondi.
- Que nada, pois o Comandante da Marinha
ficou enciumado e ofereceu que o único porta-aviões de nossa frota fosse buscar o tal do vestido.
- E foi ?
- Claro que não! O Comandante do Exército entrou no circuito e exigiu que uma tropa de elite embarcasse no porta-aviões da Marinha e que fosse responsável para apanhar e trazer o vestido absolutamente intacto!
- E a Força Aérea não chiou ?
- Nadinha, pois três de seus aviões vão levar soldados paraquedistas para permanecerem no ar, escoltando o transporte da “abóbora” mais cara do mundo …
“No Brasil o presidente não precisa de coroa para reinar, nem ter sangue azul e muito menos ser alfabetizado.
Ah, e nem ter ficha limpa! Basta querer se sujeitar à política, agradar os banqueiros,
ser amigo de empresários desonestos, falar mentiras e arrotar que é o pai dos pobres. E se tiver uma Janja dando canja será uma glória!”