Edson Vidal

Flagrante do Cotidiano.

Gosto de retratar cenas que vejo ao longo do dia para reproduzir nas minhas crônicas, porque permitem reflexão acerca do momento que vivemos,  e nos permite ver a realidade que nos cerca. Dias atrás levei minha mulher até o Supermercado Angeloni, localizado no Barigui do Champagnat, e estacionei meu Fiat 147, cor vermelha, numa vaga para idoso bem em frente da porta de entrada do estabelecimento. Como era uma compra rápida permaneci no carro e passei a apreciar o entra e sai  de pessoas, que fazem a porta automática abrir e fechar num ritmo frenético e incansável. Como se porta precisasse de preparo físico para funcionar. Só eu, hein? Pois, bem. Há poucos metros da porta estavam dois rapazes, cada qual aparentando vinte e poucos anos de idade, que os entendidos classificam como “pessoas em situação de rua”, com sacolas no chão, que de quando em quando abordavam fregueses do supermercado que se dirigiam a porta de entrada e pedia-lhes que comprassem para eles determinado tipo de alimento. Enquanto esperavam nova abordagem tomavam um pouco de Coca-Cola de uma garrafa de plástico gigante e brincavam de lutar, parando para encarar as moças desacompanhadas que passavam pelo local. E só interrompiam para dar atenção nas pessoas que saiam da porta para a rua quando recebiam das mãos de quem pediram a ajuda solicitada. E no pouco tempo que permaneci olhando aquela cena vi muitas pessoas de bom coração servindo os interesses dos dois desocupados, ambos habitués do local. Foi daí que pensei : será que é certo dar comida para quem fica o dia inteiro ocioso, desocupado e perturbando pessoas com pedidos de comida como verdadeiros profissionais da mendicância ? Ou eu sou insensível e soberbo que nego auxiliar esse tipo de gente e prefiro ajudar àqueles que trabalham e merecem ? Participo de uma sociedade de homens livres e de bons costumes que faz benemerência permanente e com critério, auxiliando entidades que necessitam de apoio e prestam assistência às pessoas que efetivamente fazem jus a elas. Nunca para desocupados que por escolha própria preferem viver nas ruas. Para estes existe o apoio da Prefeitura e do governo do estado, com uma política pública que busca resgatar essas pessoas da rua sem nenhum resultado positivo. É um trabalho contínuo, desgastante e de resultados pífios. Parece que morar embaixo de marquises de prédios, dormir em bancos de praças e perambular pela cidade é a melhor maneira para não trabalhar, porque são beneficiados com algum tipo de bolsa do governo federal ou auxílios pagos por Prefeituras Municipais. Lembro de ter assistindo uma reportagem da TV , gravada na cidade de São Paulo, em que o repórter entrevistou diversos moradores de rua e estes não tiveram a mínima vergonha de dizer que trabalhar não compensa, pois eles tinham direito a Bolsa Família, restaurante popular e ganhavam da Prefeitura auxílio aluguel. Eu me pergunto : esse tipo de política pública sem exigir nada em contrapartida, não seria o motivo principal para o aumento de desocupados nas cidades ? Os carrinheiros que diariamente puxam pesados carrinhos pelas ruas, entulhados de lixo reciclável e prestam relevantes serviços à sociedade, não deveriam ser melhor atendidos? E como eles outros trabalhadores que ganham salário de miséria e não tem dinheiro suficiente para manter a família, não poderiam ser melhores atendidos pelos entes públicos? Em paralelo o governo deveria fazer campanha para coibir a proliferação de filhos a fim de estancar a pobreza e controlar o índice de natalidade. Porque o aumento populacional desenfreado gera consequências econômicas nefastas para qualquer país. E tem exemplos no mundo todo que mostram as disparidades sociais, como na Índia, muitos países da África e na própria China que a maioria das populações vivem na miséria e sem nenhum agasalho do Poder Publico. E a cada ano o planeta terra tem acréscimo populacional que exige cada vez mais produção agrícola e aumento da pecuária para alimentar as pessoas. E sem falar na longevidade dos humanos como fruto da tecnologia colocada à serviço da Medicina. Esta é a realidade atual do mundo. Onde não é justo que quem trabalha e paga impostos tenha de alimentar ociosos, ideologicamente considerados vítimas do capitalismo selvagem…


“Ajudar quem efetivamente necessita, mas trabalha e não ganha o suficiente para manter apropria família, é dever do qualquer Cristão. Socorrer uma criança vítima do desamparo de uma família desajustada, também. Mas dar esmola para homem ou mulher no auge da mocidade que não trabalha e vive nas ruas, 
não parece justo e nem prudente.”

Atenção: As opiniões dos nossos colunistas, não expressam necessáriamente as opiniões da Revista Ações Legais.