Edson Vidal

Domingo Outonal.

Até ontem o clima colaborou apesar de muita nuvem, sem chuva, com sol escondidinho e calor um tanto tímido mas foi agradável para quem gosta de clima ameno ; porém se a meteorologia estiver certa hoje o tempo vai arruinar, com temperaturas mais baixas e chuva para dar a impressão que estamos mesmo de volta para Curitiba. É claro então que estamos mergulhados naquele  “domingão” de ficar em casa assistindo TV a cabo, levar as crianças ao Shopping ou visitar um parente para “filar” um lanchinho da tarde. E quem tem sogra para visitar o domingo então poderá ficar muito mais cheio e emocionante. Como sou excêntrico convidei minha mulher e fomos dar umas voltinhas de Fiat 147, de cor alaranjada, só para fazer inveja àqueles que colecionam bons carros e massagear um pouco o meu ego. O centro da cidade estava quase vazio, por causa da chuva e do ar gelado, mas as poucas pessoas que caminhavam pelas calçadas quando viam o meu Fiat 147 arregalavam os olhos admiradas com belezura do possante. Foi quando resolvi dar um passeio mais distante, até o aeroporto para espairecer, tomar um café, comer bolinho de goma e depois ver quem está chegando na city. No trajeto lembrei que este era o passeio predileto que antigamente a maioria das famílias curitibanas fazia para ver “o avião voar ou aterrizar”. Senti um pingo de nostalgia escorrer pela minha memória. Entao , depois do café nos dirigimos até o desembarque dos passageiros, onde sentados, passamos em “revista” para distinguir quem era daqui e os que vinham de fora. Como distinguir ? Muito fácil : quem falava alto ou gesticulava muito era de outra cidade; quem não olhava para os lados, enfarruscava o cenho e ficava calado era o protótipo do curitibano. Não dá para errar. De repente vi o Tucides, com três malas de grande porte que mal poderia segurar nas mãos, saindo da porta e quando me viu veio em minha direção:
- Não acredito. O que vocês estão fazendo aqui ? - perguntou.
- Eu é que não acredito; você está vindo de onde ? - retruquei. 
- De Brasília …
- E foi fazer o quê por lá ? 
- Ver se achava os senadores Oriovisto e Arns .
- Para quê?
- Só para saber se achava os dois, pois por aqui procurei, procurei e não encontrei nenhum deles …
- Mas por quê? 
- Apostei com um amigo que eles não fazem nada pelo Paraná, mas que trabalham em Brasília para ajudar o Luiz Ignácio. Mas perdi a aposta …
- Por quê?
- No Congresso disseram que não conhecem nenhum dos dois; são duas almas penadas perdidas pelos corredores - Balbuciou o Tucides, profundamente chateado.
- Quer uma carona ? - Perguntei.
- Se não for incômodo …
E assim retornamos nós três, confortavelmente sentados no meu Fiat 157, inclusive com lugar no bagageiro para acomodar as enormes malas do meu amigo … 


“Não querendo escrever nada preocupante para um domingo chato e chuvoso, resolvi contar como resolvi passar o dia. Com um pouco de nostalgia e para pegar no pé dos nossos ilustres e omissos senadores. Dois tiros n’agua”.

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