A Tradicional Glostora.
Dentre os rapazes dos anos sessenta do século anterior que frequentavam os bailinhos nas garagens das casas tendo por par as mocinhas do bairro, sob o som de músicas de vitrola e discos de vinil, dar tratos ao cabelo era o único luxo dado aos homens e que não comprometia a sua masculinidade. Era uma idade em que não se acentuava ainda a calvice e portanto o cabelo era farto ; e usar cabelo comprido na moda do yeyeye modelo da “Jovem Guarda”, imitando os cantores do programa de auditório comandado pelo Roberto Carlos no seu programa da Televisão Recorde ou dos filmes água com açúcar estrelado por Elvis Presley, era tudo que o rapaz queria para impressionar a “turma”. E para manter o cabelo impecável, com brilho e sem nunca desmanchar porque ficava duro como elmo de armadura colocado na cabeça, tinha um produto chamado de “Glostora” cuja fórmula deveria ser
mistura de banha de porco com algum perfume da Helena Rubistein. Fácil de passar nos cabelos mas difícil de tirar pela oleosidade excessiva. Tempos depois o mencionado produto teve um concorrente o “Trim” com características assemelhadas, mas ao invés de vir em pote era apresentado num tubo (igual o de pasta de dentes) na cor azul. E como gosto não se discute ambos os produtos tinham consumidores certos. E hoje ? Ah, os jovens daquela época são os idosos de hoje, poucos deles com cabelos, a expressiva maioria careca de dar dó. No meu caso só tenho cabelo perto das minhas orelhas, alguns pretos e a maioria brancos. Daí porquê pensei na Glostora : se tivesse que passar na minha cabeça esta ficaria uma “quase” bola de bilhar. Sinal dos tempos. Mas talvez por isto eu tenha hoje uma mente mais arejada para entender a modernidade do mundo como ele é. Isto pode não ser verdade, mas não deixa de ser um consolo para quem não tem cabelo para usar Glostora…
“As vezes rio de mim mesmo para tornar meus momentos mais leve e descontraído. Pois tem um ditado que diz : “todo o homem é uma criança crescida.” E eu não quero contrariar nenhum ditado.”