O Uivo dos Lobos.
Nestes últimos dias quando ouço o som do vento incomum que está açoitando Curitiba, me vem à mente o uivo dos lobos como se estes estivessem no quintal de nossa casa, anunciando a ameaça de um ataque iminente. Fruto da imaginação é claro, apesar de estarmos vivendo um momento estranho, em que tudo pode acontecer no país. Afinal vivemos sobressaltados e temerosos com o futuro desenhado por um governo que não goza de respeito e muito menos de confiabilidade. E dentro deste cenário de instabilidade logo lembrei do livro de Erik Larson (Editora Intrínseca Ltda, ed. de 2.012) intitulado “No Jardim das Feras”, um conto de ficção entremeado com fatos reais acontecido nos idos de 1.933, quando da ascensão de Hitler na vida política da Alemanha. O autor com maestria descreve os momentos vividos pelo professor William Dodd, da Universidade de Chicago, quando foi surpreendido com a nomeação de embaixador e muda de residência, junto com sua família, para a cidade de Berlim. Sem experiência diplomática, mas decidido a manter uma posição neutra em relação ao novo governo nazista, no início fica deslumbrado com a pompa e a vida social que passou a desfrutar em razão do cargo. E mais do que ele, sua filha Martha, ficou encantada com os homens do III Reich, dentre estes o primeiro chefe da Gestapo, Rudolf Diels. Todavia o encanto durou pouco, pois logo o embaixador testemunhou a crescente perseguição aos judeus, a censura à imprensa e a implantação de novas e assustadoras leis. Daí, nos comunicados oficiais ao Departamento de Estado norte-americano denunciou os desmandos da nova ordem ditatorialmente dominante na Alemanha, com a possibilidade de um confronto armado com outros países vizinhos, sem encontrar eco no governo de seu país. A leitura leva o leitor a entender porquê do mundo só perceber a grave ameaça engendradas ardilosamente por Hitler, quando o horror da guerra era inevitável. Para quem gosta de ficção e história o livro em comento é indispensável para figurar na prateleira de uma boa biblioteca. Que tal ? Um aborde interessante, não é mesmo ? Não acha que parece um presságio o uivo que o vento decorrente de um ciclone tropical faz quando bafeja contra as nossas janelas, pois embora no Brasil estejamos assistindo até aqui as festas e viagens de alto custo protagonizados pelas autoridades da República, denotamos, porém, existir segundas intenções nos diversos ataques sorrateiros dirigidos contra o atual Estado Democrático de Direito. Com certa ousadia parece que o livro referido traz no seu enredo uma certa semelhança com os cenários do nosso cotidiano, onde até agora somos protagonistas porque ainda não acreditamos que o pior possa acontecer, apesar dos lobos rondarem nossos próprios jardins. Só esperamos não reagir tarde demais, quando Inês estiver morta …
“Cada dia que passa a preocupação aumenta, porque a democracia aos poucos está sendo dilapidada. Gente perigosa está no poder, com muito ódio e capaz de tudo. Tal como os lobos, são predadores e vingativos.”