Edson Vidal

O 007 Português!

E ninguém, com exceção da família e dos advogados, conseguiu visitar o Lula. A Juíza Corregedora dos Presídios tem sido rígida no cumprimento da Lei de Execuções Penais. Sed lex dura lex. A intransigência da Magistrada tem deixado em polvorosa os “cabeças” do acampamento da vigília cívica.

O Luiz Ignácio está meditabundo e sorumbático de tanto ficar sozinho; a solidão da cela e o fato de não saber muito bem ler e nem escrever, só assistir TV que não é a cabo, tem deixado deprimido o rico condenado. 
- Precisamos fazer alguma coisa (falou a Amante). Estou preocupada que ele possa   ter um gesto tresloucado...
- Sim, ainda mais sem a pinga diária! (Enfatizou o dr. Rosinha, com sua experiência médica).
- Precisamos agir rápido; nosso líder precisa receber uma visita “na marra” (sugeriu o requintado Requião).
- Ah! Já sei! Vamos contratar o 007 português, um novo herói da inteligência e que está a serviço das causas impossíveis. Ele é o máximo, um herói moderno, ele foi treinado pela CIA para entrar em qualquer lugar proibido e sem autorização (disse o juvenil Lindenberg).
- Mas a CIA não é americana? (questionou o Requião enfurecido) 
- Não, essa CIA quer dizer “Companhia Individual Acadêmica”, um setor novo da UNE para treinar repetentes e jubilados contra a democracia (explicou o Lindenberg).
- Tá, que assim seja! (concordou o Bob da Carta de Puebla). E mal terminaram de optar pela contratação desse notável espião lusitano, como num passe de mágica, ele apareceu do nada, no acampamento. 

Todos levaram um susto danado, mas quando o desmiolado do Lindenberg disse que era o 007 português que chegara, o acampamento virou uma zorra total e uma orgia sem conta. 
- Qual o seu nome, 007? (perguntou a Amante).
- Noel, Manoel ao seu dispor senhora! (respondeu o lisboeta)
- Topa, invadir a Superintendência da PF para falar com nosso Pequeno Timoneiro? O Mao brasileiro? (indagou a Erondina).
- E dizer o que? (Perguntou Noel, Manoel)
- Que nós o amamos!!! (e ao dizer isso a Amante caiu em prantos)
- Deixem comigo! Até breve!

E assim como chegou, o famoso espião sumiu como uma nuvem passageira. Os acampados retornaram às suas rotinas de perturbação da ordem pública para tristeza dos moradores da Santa Cândida. Enquanto isto Noel, Manoel idealizou um plano perfeito para burlar a vigilância dos policiais federais e entrar na Superintendência, sem a devida autorização legal. 

Disfarçou-se de Gilmar! Colocou uma Toga sobre o terno com gravata, fez um semblante de Madre Tereza de Calcutá misturado com José Sarney e dizendo-se que era um Ser Supremo da Magistratura Nacional, e, portanto estava acima de qualquer “juizinha”, determinou que abrissem as portas da repartição.

E foi prontamente atendido pelo Dr. Valeixo. 
- Me levem até a cela do Lula!

E assim foi feito. Entrou na cela e pediu ao carcereiro para ficar a sós com o prisioneiro. E foi atendido. Quando viu que estava sozinho com o Lula, disse-lhe:
- Trago-lhe uma coisa importante, Luiz Ignácio!
O preso quando ouviu estas palavras, salivou.
- Me dê, rápido, estou ansioso por saber o que você está me trazendo lá de fora!

Foi então que Noel, Manoel encheu de ar os pulmões e disse com a maior sonoridade e carinho:
- Nós te amamos!
- Tá, tá, tudo bem. E a pinga?
- Pinga? Que pinga?
- Companheiro português, você não disse que tinha uma coisa pra me entregar?
- Já entreguei...
- O que?
- “Nós te amamos”!
- Só isso?
- Só!
- Filha da &$@?&; do Rosinha, médico de $&@?@$, com certeza foi ele que proibiu você de me trazer a minha pinga, para preservar minha saúde! Que desgraça! Nem a galega atinou das minhas necessidades? Senhor, Senhor: dou meu reino por um golinho da branquinha! 

Vendo a cena Noel, Manoel saiu do local bem devagar, como se estivesse pisando em ovos, e depois de sair da Superintendência não voltou mais para o acampamento. Tudo por que tinha esquecendo-se de levar na visita a “51” que todos tinham recomendado...

“Esquecer de alguma coisa as vezes não tem importância alguma; porém em outras soa como pecado mortal. Nunca esqueça de levar pinga para um pinguço, pois disso ele nunca mais vai esquecer!”
Edson Vidal Pinto

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