Edson Vidal

Não Vale Golpe Baixo

Sei que muita gente gosta de assistir às lutas do UFC na televisão. Dois marmanjos, cheios de anabolizantes por todos os poros, babando violência e se agarrando como gorilas sobre um tablado iluminado.

Tapas, socos, pontapés nas orelhas, no rosto, no peito, nas pernas, numa sequência de atrocidades sem fim. De repente um golpe leva o adversário a nocaute ou imobilização total. Sangue, pele avermelhada, olho inchado e fim da luta. Delírio geral.

E o inusitado: no encerramento os dois trogloditas se abraçam. E como a mulher quer se igualar aos homens, quanto a isto nenhuma censura, também tem aquelas que ocupam o mesmo ringue e partem para briga. Acho um espetáculo deprimente e dispensável nas grades de programação das emissoras de televisão. Tudo bem num canal pago e em local reservado.

É um embate de galos de briga,  entre humanos. Não querendo comparar, mas comparando, parece disputa de certame eleitoral. O  que deveria ser uma festa da democracia é um cenário de paixões e  desvarios. Excessos de ofensas e notícias falsas povoam as mídias na tentativa de denegrir para derrotar os adversários.

Sem contar com o nefasto patrulhamento ideológico:
- Sou Bolsonaro!
- Ué, eu sempre pensei que você fosse gay?!
Ou então:
- Sou Haddad!
- Putz, não sabia que você  era venenoso como Jararaca!!
Ou ainda:
- Sou Alckmin!
- Quando você entrou pra quadrilha?!
Ou...
- Sou Marina!
- E voa com ou sem vassoura?!
Ou, ou...
- Sou Álvaro!
- Antes ou depois do Botox?!
E:
- Sou Amoedo!
- Chegou à terra, quando?
E como colher de chá:
- Sou Boulos!
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E assim por diante, não sobra ninguém sem ser criticado. Isto, quando não é tripudiado e agredido fisicamente quando fica sozinho e a mercê de um grupo de adversários.

Infelizmente é assim que acontece em qualquer disputa. Tinha um amigo que dizia: “não existe decência nem para concorrer uma  cadeira na Academia Brasileira de Letras”. Vale tudo, desde rasteira até golpes baixos. Estes só não são permitidos no UFC. Enfim, ética que é bom é totalmente desconhecida na disputa de votos. E na medida em que o pleito se aproxima ninguém aceita que seu candidato não decolou e está fora de ser eleito.

Mesmo assim insiste:
- Vote meu amigo, no meu candidato, pelo menos no primeiro turno. Depois você pode ter outra opção!

Por quê? Não existe lógica no pedido, pois ninguém quer desperdiçar o voto. Porque os fantasmas acabam abocanhando a vitória. A militância de cabresto nunca arrisca desperdiçar o voto.

Então tem que ser o voto útil? Claro, por que não? Tudo é uma questão de razoabilidade. Portanto, vamos sufragar o voto útil para não amargar arrependimento tardio...

“Quando a disputa entre candidatos fica polarizada em apenas dois, o voto útil não pode ser desperdiçado. É uma questão de razoabilidade. Porque meros concorrentes se aliam depois, para derrotar o melhor de todos!”
Edson Vidal Pinto

 

Atenção: As opiniões dos nossos colunistas, não expressam necessáriamente as opiniões da Revista Ações Legais.