Edson Vidal

Filho Trapalhão.

Colocar filho no mundo sempre foi a aposta dos pais para que no futuro o pequeno rebento se revele cidadão probo e trabalhador. Não importa o sexo da criança, os sonhos acalentados são os mesmos, daí o esmero de carinho, proteção e orientação desde o berço.

Mas nem sempre isso basta: são tantos exemplos negativos  de filhos e filhas nascidas no seio de famílias respeitáveis que têm desvios de condutas. São as chamadas “ovelhas negras” que mancham e denigrem o apelido de família. E se hoje o escândalo é menor em razão dos milhares de fatos tenebrosos que acontecem no cenário político e policial, imagine-se a repercussão que ocorria  nos idos dos anos cinquenta e sessenta do século passado.

Lembro quando na Rádio PRB-2, Clube Paranaense, no programa “Revista Matinal” apresentado pelo saudoso Artur de Souza, ele veiculou um pavoroso crime de latrocínio (morte seguida de roubo) de um motorista de praça (taxista) ocorrido no Vossoroca, trecho da estrada Curitiba/Joinville.

O assassino que em seguida foi identificado e preso era filho de uma família muito conhecida na cidade. O clamor público foi tamanho que os familiares do crimino se sentiram constrangidos como se tivessem culpa pelo parente tresloucado. Já recentemente  houve o episódio daquele político otário que foi flagrado transportando uma mala de dinheiro de duvidosa procedência e destinatário.

De igual com o nome de família digna e honrada. Nem sempre o fruto cai ao lado do pé. É o caso do Flávio. Nós todos que ansiamos por um país melhor, próspero e ordeiro elegemos seu genitor Presidente do Brasil.

Não porque ele seja o suprassumo da inteligência e muito menos pela cultura que possa ter, mas pelos seus princípios éticos, morais e religioso: ou seja, um idealista, honesto e disciplinador.

Qualidades que faltaram naqueles que o antecederam no cargo que temporariamente ocupa. Porém da noite para o dia apareceu uma “ovelha negra” para atrapalhar os planos de seu pai e deixar os seus eleitores preocupados.

O filho Flávio, eleito Senador da República, está  envolvido em uma trama em que seu assessor, quando então era deputado federal, movimentou conta bancária com valores incompatíveis ao salário que recebia.

Surgindo daí a suspeita de que o dinheiro seria proveniente de “propina” recebida pelo parlamentar. Este tem buscado todos os meios jurídicos para obstar a tramitação do inquérito instaurado que visa apurar a verdade dos fatos. Por quê? Quem não deve não teme.

Esse triste episódio está fazendo murchar o prestígio do Presidente e a intenção real de seu governo. Não é nada bom e alimenta a intenção dos adversários e resistentes para começarem a campanha de desmoralização e ofensa contra o Governo Federal.

A Rede Globo com astúcia tem se valido muito bem desse fato em seus programas noticiosos. Quer queira ou não ela é a maior formadora de opinião do país. O que fazer? Para dissipar qualquer suspeita Flávio deveria dar provas de inquestionável honestidade e após tomar posse de seu cargo como Senador da República, se licenciar no dia seguinte para que seu suplente assuma, e aguardar com serenidade o final da investigação policial.

É o que se espera de um homem público, filho de um Presidente da República que carrega nos ombros manto sagrado da honestidade...

“Filhos! Tanto se espera deles; quantos sonhos são alimentados em razão deles; quantos joelhos dobrados em orações infindas só para eles; quando vitoriosos os méritos são apenas deles; quando tropeçam no caminho a culpa é só dos pais. Filho que ajuda é abençoado; filho que atrapalha, também. Porque filho é sempre filho. Os pais absorvem as falhas e às vezes se perdem de amor!”
Edson Vidal Pinto

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