Edson Vidal

Quando o Respeito Deixa de Existir.

Vivi uma época em que um governador, um secretário de estado, um magistrado, um promotor de justiça, um delegado, um deputado, um prefeito, um vereador, um médico, um advogado e um professor eram reverenciados, respeitados e até temidos. 

Vigia o princípio de autoridade; ninguém tinha o atrevimento de interpelar ou contrariar uma ordem recebida, o tratamento era respeitoso e formal. Ninguém abraçava  e nem beijava no ato de cumprimentar, os mais velhos sempre tinham preferência e as crianças jamais se intrometiam no ambiente dos adultos.

O homem era provedor e a mulher dignificava a família. Quem era alguém de projeção na vida social não precisava ser diferente, pois a simplicidade sempre foi o símbolo da integridade moral dos bem sucedidos. 

Quando entrei pela primeira vez no Palácio Iguaçu e no Tribunal de Justiça senti suor em minhas mãos, parecia que estava em um mundo diferente onde só pessoas de bem tinham acesso e trabalhavam. Tudo era respeitoso e solene. Cresci, me formei, constitui família e tive o privilégio de trabalhar nesses dois ambientes onde sempre respeitei as pessoas com quem neles convivi e de igual maneira fui também respeitado por todos, desde os mais humildes até aqueles investidos de autoridade. Forjei minha vida pública acreditando no respeito para ser respeitado.

A modernidade, no entanto trouxe novos horizontes e o relacionamento entre as pessoas afrouxou o formalismo no afã de imperar a igualdade de tratamento. Nem as crianças chamam os pais e nem os avós de “senhor” ou de “senhora”, e de igual forma algumas autoridades não se dão o devido respeito e comprometem a autoridade do cargo.

E quem na atividade profissional perde perante a opinião pública o devido respeito é alvo de deboche e arranha de morte a instituição do qual pertence. A falta de respeito faz emergir a falta de decoro; esta é falta grave cometida por agente político que tem por dever zelar pelo bom nome da Administração Pública.

E quem não é respeitado não passa de um espectro, uma fantasia  vazia e sem lustro. Infelizmente o STF transformou-se nesse trem telúrico cujos passageiros, nem todos, estão sendo tripudiados por terem perdido o respeito próprio. Ou o Toffoli, Gilmar, Marco Aurélio, Lewandowski, Carmen Lúcia ou Celso de Melo não são espectros vestidos de Toga? E com seus pronunciamentos inoportunos pela mídia, comportamentos que beiram a marginalidade  e conteúdos decisórios que exalam interesses dúbios, estão amarrotando como roupas velhas no baú da História o prestígio do Poder  Judiciário.

O Gilmar chegou ao cúmulo de ser investigado pela Receita Federal para explicar o ganho anual, só equivalente a um astro de cinema. E o pior: quer, porque quer obstar dita investigação por se achar alguém acima da lei. Não dá mais aguentar tanta soberba; e pensar que nossos Senadores não assinaram a CPI da Toga.

Assim é difícil mudar a cara e o jeito do país...

“Na vida pública a falta de decoro do agente público ou político impõe a perda do cargo. Nem um dos Poderes da República deve abrigar em seus quadros quem perdeu perante a opinião pública o devido respeito. Sem respeito não há dignidade no trato da coisa pública e muito menos ética!”
Edson Vidal Pinto

Atenção: As opiniões dos nossos colunistas, não expressam necessáriamente as opiniões da Revista Ações Legais.