Edson Vidal

Temos Presidente Só Falta O Estadista.

Terminou carnaval e a partir da próxima semana vai entrar em efervescência o campo político com o circo armado, tendo como tema central a famigerada reforma da Previdência. Será uma batalha hercúlea.

É pena que paralelamente não vá faltar munição para a imprensa e a oposição desacreditar a figura do Presidente da República. Quem votou no Bolsonaro tinha plena consciência que ele seria a única pessoa capaz de impedir que o PT continuasse desmontando o pouco de dignidade que sobrava do país; daí o porquê dele ter vencido uma disputa exclusivamente pela vontade dos eleitores conscientes que sufragaram seu nome.

Foi um povo farto de tanta corrupção e mentira que unido entregou de bandeja a faixa presidencial a um desconhecido Capitão do Exército brasileiro, com a certeza absoluta de que ele regeria os passos da Nação com garbo e decência. No fundo ninguém ignorava a sua vontade de querer colocar o país nos eixos, de outro lado se acentuava a falta de traquejo na sua maneira de falar e agir.

A vitória nas urnas sem amarras políticas permitiu num primeiro momento a livre escolha  de pessoas que o ajudariam na tarefa patriótica, tropeçou em alguns nomes por falta de melhores informações. Episódios próprios do açodamento na composição de uma equipe governamental. Fatos que não deixaram sequelas.

Mas foi no início da governabilidade que surgiram seus filhos no cenário nacional com opiniões vesgas que geraram desconforto a um pai com a saúde combalida. Coube ao vice-presidente se colocar como algodão entre os cristais, arrefecendo a agressividade de uma imprensa ideologicamente comprometida e de uma oposição sem voz e nem liderança.

E com a saúde recuperada aproveitou do cenário da licenciosidade Momesca  para postar  na mídia crítica e foto obscena de um casal de foliões. Exposição desnecessária e absolutamente inoportuna. E já no primeiro dia útil após o carnaval em uma cerimônia Militar dos Fuzileiros Navais no Rio de Janeiro, o Presidente acentua no seu discurso que a democracia só subsiste se as Forças Armadas quiserem. Estultice sem tamanho. Tanto que seus Ministros Militares tentaram amenizar o impacto do infeliz pronunciamento.

E assim, quase que diariamente, o Presidente vem cometendo pecados pela boca afora. Ele parece que esqueceu o velho ditado popular de que “falar é prata e calar é ouro”. Entre o dizer além do necessário o homem público perde o seu próprio crédito, daí sempre a imperiosa necessidade de policiar as próprias palavras.

Uma coisa é a obrigação que têm o homem público de falar e a outra de esconder a vontade pessoal de extrapolar os limites de dizer além do estritamente necessário. Orador não é aquele que fala em demasia, mas, sim, aquele que fala o necessário.

É nesse ponto de equilíbrio que um Presidente deixa de ser apenas Presidente para se tornar um estadista. Este é um Presidente de verdade. O Bolsonaro tem tempo para aprender se quiser merecer o respeito de uma Nação, mas urge que seja humilde e possa rever a sua impulsividade e controlar a sua gana patriótica. Ele continua merecendo o apoio dos que nele votaram, mas não custa rever a imperativa dose de sobriedade que diferencia os homens comuns dos homens predestinados...

“A vida pública dita regras e só os mais prudentes é que se destacam dentro dela; gestos comedidos e falar o estritamente necessário é o que dignifica uma autoridade. 
Estadista é aquele que governa para todos e policia os seus próprios ímpetos!”
Edson Vidal Pinto

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