O Mundo Só Não é Melhor Porque Faltam Poetas.
A criação humana mais sensível atinge sua culminância quando o coração escreve em forma de rimas ou mesmo sem elas com rabiscos de amor. Tem o poeta o dom divino de exteriorizar a própria alma com a pureza de uma criança, enxergar o mundo com os olhos de um apaixonado e retratar o cotidiano com o peso certo que lhe sufoca o peito.
Sim, o poeta é um mensageiro que traduz nos seus escritos a história de todas as gentes entrelaçada nas amarras dos dramas e da felicidade que entremeiam a passagem dos humanos pela vida. São seres ungidos que fazem o mundo melhor e mais feliz.
O bom é que eles estão sempre entre nós espargindo sabedoria e domando nossos ímpetos; são arautos da esperança que amenizam o amargor de nossos obstáculos. A nossa principal poetisa foi Helena Kolody, professora do Instituto de Educação do Paraná, que nas suas aulas para normalistas adolescentes despertava em cada uma delas o amor das futuras educadoras pelos seus pupilos.
Foi uma das responsáveis por incutir um Magistério de princípios éticos e valorizado. E a pedido de suas alunas terminava a aula recitando um, dois ou mais de seus versos:
“O poeta nasce no poema,
Inventa em palavras”
(In Infinito Presente”,1.980.
“Para quem viaja ao encontro do sol,
é sempre madrugada”
(In Sempre Palavra, 1.985)
“Pintou estrelas no muro
e teve o céu
Ao alcance das mãos “
(In Poesia Mínima, 1.986).
Sei de suas aulas porque minha amada irmã Marley, foi sua aluna e como d. Helena ela também foi uma respeitável educadora em Paranaguá.
No momento Adélia Maria Woellner professora do ensino superior, carrega consigo a própria inspiração que a diferencia pela sensibilidade de escrever peças de belíssima arquitetura poética. Do “Tempo de Escolhas” reproduzo para deleite a poesia
“Contrário”:
“Não trago letreiro na testa
nem faixa com mensagem
atravessada no peito.
Olho no espelho
e não me reconheço.
Se palavras houvessem
o espelho diria
tudo ao meu contrário”.
E como o espaço é diminuto não posso deixar de registrar o que nos legou o saudoso poeta e advogado, dr. Moacyr A. Lorusso, quando escreveu com o sentimento de sua profissão e reverenciando a sua endumentária forense, que tanto dignificou e honrou ao longo de sua meritória carreira de jurista:
“Com esta minha beca tão sovada
que me valeu bem mais que um laudel,
eu percorri, lutando, a longa estrada
da nobre profissão de bacharel.
Quando a missão eu der
por encerrada
depois de tanto honrar meu rubro anel,
ela qual símbolo será guardada
eis que cumprimos bem nosso papel.
Ainda me lembro, dia, hora e mês
quando a enverguei pela primeira vez
na festa magistral da formatura .
Faz tanto tempo, mas eu não esqueço
Quanto sofremos juntos no começo
e só não sucumbimos por bravura.”
(In Breviário Forense, de René Ariel Dotti, 2a. Edição - Editora Juruá)
Claro que existem outros renomados poetas que mereceriam igualmente ser lembrados, pois todos eles são merecedores das mais dignas homenagens. Talvez lhes serviam de consolo em saber que o mundo só não é melhor porque faltam mais poetas, para falar com o coração e ensinar às pessoas que o amor é uma língua universal que pode evitar tantas discórdias e indiferenças...
“No mundo sempre tem lugar para o poeta. Ele é um ungido dos céus porque fala a língua dos Anjos. A civilização só não é melhor porque os poetas são tão poucos, que os bárbaros aproveitam para se prevalecerem!”
Edson Vidal Pinto