Os Ricos Também Vão Presos!
Enfim a lei é para todos. Nunca ninguém de sã consciência poderia um dia sonhar que algum figurão da República pudesse dormir no xilindró. A corrupção do setor público estava institucionalizada e enraizada de tal forma, que os corruptos enriqueciam a olhos vistos, pois sabiam que nada os atingiria. A Lei Penal era “coisa” para pobres e excluídos.
E o caminho mais fácil para o individuo angariar as benesses e facilidades para se tornar rico da noite para o dia era a política. E na História do Brasil não foram poucos os que conseguiram garimpar fortunas e ludibriar a boa fé do povo; e a Administração Pública se prestou para agasalhar a ganância e avidez de agentes públicos que nela ingressaram para serem servidos.
Em todos os níveis dos Três Poderes alastrou-se a gastança, as benesses, os cartões corporativos e a vida de luxúrias sem controle e nem fiscalização. Os órgãos fiscalizadores preferiram também aderir à boa vida. E o país adoeceu. Existe uma regra de que servidor público pode trabalhar uma eternidade, mas nunca será rico, pois seus ganhos são sempre proporcionais ao seu próprio gasto. Quem ostenta riqueza ou vem de família rica ou é ladrão.
Quando muito o servidor no final de sua atividade tem um patrimônio reduzido e sem ostentação. Porém no Brasil o cenário da vida pública e política mostrava que só os funcionários públicos de carreira, com raras exceções, estavam imunes às imoralidades praticadas pelos comissionados que serviam de teleguiados de padrinhos poderosos.
A farra do desperdício do dinheiro público chegou a tal exagero que fez o vulcão explodir; a Justiça através do Ministério Público saiu do seu sono letárgico e resolveu expor para fora a podridão cancerosa que consumia o erário público. E os inquéritos foram instaurados e surgiram as primeiras denúncias contra pessoas da Alta Administração do Estado, que geraram condenações inimagináveis. E com o dique aberto na barreira sólida do reservatório da corrupção o rombo da moralidade foi se alargando e toda a água barrenta e sórdida da imoralidade foi trazida a nu. Daí aflorou escândalos infindáveis, aparecendo nomes de políticos profissionais como autores das mais sórdidas ações criminosas.
Todos milionários com vida pregressa miserável, com legado de vergonha para a mulher, filhos noras e netos. Situação irreparável. E não importa se a prisão do Temer ou de qualquer outro figurão será revogada ou não, o fato de ficar recluso é simbólico. Ninguém mais está acima da lei e quem tem que prestar contas à Justiça, perdeu a tranquilidade.
Um telefonema, uma sirene de carro de polícia que passa por perto ou um toque de campainha fora de hora, poderá dar taquicardia ou gerar pesadelo. E não adianta fugir, nem se esconder ou confessar arrependimento, pois ninguém mais terá sossego. Nem o Gilmar está mais seguro e soberbo como antes.
E é bom, positivo, sinal de que o Gigante Adormecido acordou, abriu os olhos e quer punir de vez os maus brasileiros; e quem um dia fez besteira da vida pública que fique sobressaltado, pois a cobra vai fumar...
“Chegou um novo tempo para o Brasil. O que nunca ninguém pensou que iria acontecer, aconteceu. Cadeia é para bandido de paletó e gravata e maltrapilho. Acabou a diferença: quem praticou ilicitude vai para a prisão, sem choro, luxo ou vela!”
Edson Vidal Pinto
