Revista Ações Legais - page 142-143

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ESPAÇO DAS LETRAS
ESPAÇO DAS LETRAS
O PODER DA IDENTIDADE
Manuel Castells, tradução de Klauss
Brandini Gerhardt e Thiago Ponce
de Moraes, Editora Paz & Terra, 602
páginas, R$ 87,90
O espanhol Manuel Castells é um
dos maiores teóricos da contempo-
raneidade, especialmente no que
diz respeito à chamada “Era da in-
formação”, expressão que dá nome
à sua trilogia de livros mais impor-
tante. Em março, a Paz & Terra lan-
ça nova edição de “O poder da iden-
tidade”, segundo livro da série, que
chega às prateleiras em versão re-
vista e ampliada: o autor fez diver-
sas atualizações ao longo do texto,
além ter escrito um prefácio, publi-
cado originalmente na edição de
2010 no exterior.
Se em “A sociedade em rede”, li-
vro que inaugura a trilogia, Castells
explica como o impacto das tecno-
logias, especialmente na área da
comunicação, deu origem a essa so-
ciedade interligada e globalizada, em “O poder da identidade”, ele se volta para a in-
vestigação da relação entre globalização e identidade, tendências aparentemente con-
flitantes, mas que moldam o mundo contemporâneo.
Castells examina como têm atuado tanto as forças tecnoeconômicas quanto os mo-
vimentos sociais transformadores, cada um usando o novo poder da mídia para pro-
mover suas ambições. Assim, ele descreve as origens, os propósitos e os efeitos de
movimentos ativistas como o feminismo e o ambientalismo, que visam a transformar
as relações humanas em seu nível mais fundamental, assim como os de movimentos
conservadores, cuja resistência é feita em nome de Deus, da nação, da etnia, da família
ou da localidade.
CRAVO VERMELHO
Virgilio Pedro Rigonatti, Editora Lereprazar, 292 páginas, R$ 44,90
Revolução cultural, política e sexual. Os fatos da década de
1960 instigaram os jovens a se tornarem protagonistas do
maior momento político que o Brasil já foi palco. Muita histó-
ria, luta e tragédia. A década é considerada pela grande ten-
são da disputa entre comunismo e capitalismo. Este período
marcou o mundo inteiro.
Oano de 2018marca o cinquentenário de 1968, o clímax da déca-
da de 60. Cenário de muitos acontecimentos como a instituição
do AI-5, no Brasil, iniciando a época mais intensa e violenta da di-
taduramilitar, e a Batalha daMaria Antônia. Pelomundo, as notí-
cias eram sobre a luta dos negros, a luta das mulheres, o assassinato de Martin Luther King
e de Robert Kennedy, a Guerra do Vietnã, e acirrava-se a disputa entre os Estados Unidos e
a União Soviética, que quase resultou na Terceira Guerra Mundial.
Em Cravo Vermelho, o autor paulistano Virgilio Pedro Rigonatti detalha com maestria a
década de 60, pelos olhos de seu alter ego, Pedrina. Moça de classe média, curiosa e ávi-
da leitora, narra em primeira pessoa todos os episódios de sua pacata vida na infância,
os eventos que vê na TV e lê nos jornais. Descobre o mundo e maravilha-se com tanta
informação que jamais sonhou em desfrutar.
A narrativa passeia por fatos como a construção de Brasília, os comunistas, a copa de
58, e o primeiro contato com notícias sobre a Rússia e EUA. Nos anos 60, já no ginásio,
Pedrina conta a história de seu amigo de colégio, Valério, de uma família muito pobre,
por quem ela nutriu um imenso carinho e, mais tarde, amor.
Enquanto a menina crescia e descrevia os acontecimentos de seu coração, corpo e con-
vivências sociais, ela explica a guerra ideológica entre as duas potências imperialistas
que levou à ditadura militar de direita e à organização da luta armada pelas esquerdas.
Justiçamentos, assaltos e sequestros de um lado. Prisões, torturas e mortes de outro.
Pedrina e Valério vivem tempos de muita luta durante o desenvolvimento de suas vidas
adultas, veem o amor nascer entre eles, e enfrentam o clima de confronto reinante na
época. Não havia escapatória, o casal e seus amigos foram abarcados pelos fatos histó-
ricos da década e acabam vivenciando momentos trágicos e dramáticos.
Cravo Vermelho é um retrato da sociedade e dos acontecimentos dos anos 60 no Bra-
sil e no mundo. Transita pela inquietação da juventude em busca de novos caminhos,
pelo embate ideológico entre direita e esquerda, pelo comodismo de grande parcela do
povo, ao mesmo tempo em que revela uma história de amor comovente entre jovens
que buscam seu lugar naqueles tempos conflituosos e de esperança.
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