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A Copa do Mundo
2014 e as ciclofaixas
Por Guilherme Borba Vianna*
A
Copa do Mundo de futebol 2014 que se realizará no Brasil está
cada dia mais próxima, mas o que se percebe é o atropelo dos
governantes diante dos notórios atrasos nas obras que eles mes-
mos se propuseram a fazer para receber este grandioso evento mundial.
Obras faraônicas como a construção de “trem bala”, “metrô”, “amplia-
ção dos aeroportos”, “aumento da rede hoteleira”, “construção de es-
tádios” etc. são cotidianamente discutidas por políticos, empresários
e agentes da FIFA, chegando-se agora ao extremo de se formular uma
Medida Provisória (MP) que permite até mesmo a realização de muitas
obras sem a necessária transparência em relação aos custos envolvidos,
tudo para não fazer feio na Copa do Mundo.
Mas o que chama mais a atenção não é o fato de que todos já sabiam
que o Brasil seria sede da Copa do Mundo (o Brasil foi escolhido país-
-sede pela FIFA no dia 30/10/2007) e praticamente nada foi feito nestes
últimos quatro anos, mas que ideias simples e economicamente viáveis
para a maior parte das cidades sede são deixadas de lado.
Uma delas é a “ciclofaixa”, destinação de espaço ao lado direito da pró-
pria via veicular para circulação exclusiva das bicicletas, que trafegam
no mesmo sentido dos veículos, sem elevações ou calçadas como ocor-
rem em “ciclovias”. Esta simples ideia vai ao encontro com o meio am-
biente, estimula a prática do esporte, diminui o número de veículos nas
ruas, não envolve elevados recursos e altera muito pouco a estrutura
das ruas já existentes, ainda mais se projetadas por especialistas.
As ciclofaixas já existem em diversas cidades-metrópoles como Nova Ior-
que, Barcelona, Helsinki, Berlin, Santiago etc., e alguns estudos realiza-
dos indicam que as “ciclofaixas” representam muito mais segurança aos
ciclistas do que as conhecidas “ciclovias”, pois ocorrem muito mais aci-
dentes laterais nos cruzamentos das “ciclovias” do que colisões traseiras
nas “ciclofaixas” compartilhadas.
Além do mais, a maior parte das “ciclovias” existentes ou estão restritas
aos parques, ou não servem como rota de mobilidade para ciclistas se
locomoverem de um extremo a outro da cidade (o que se pode fazer de
ônibus p. ex.), sendo interrompidas a cada esquina por um cruzamento
(além do perigo de subir e descer da calçada-ciclovia, geralmente mais
elevada do que a rua) ou por repentinamente chegarem ao fim.
É cediço quemuitos dos turistas que viajampara assistir a jogos esportivos
são jovens (ainda que apenas de consciência), alguns inclusive já adotam
a bicicleta em suas cidades para se locomoverem ou mesmo costumam
alugar bicicletas quando viajam, seja por uma questão de responsabilida-
de ambiental (muito mais arraigada no jovem hodiernamente), seja por
ser um transporte extremamente barato e ágil, criando uma mobilidade
ao turista que nenhum outro tipo de transporte lhe proporcionaria.
Sem descuidar das grandes obras necessárias
para a realização da Copa do Mundo, deve-
mos aproveitar o engajamento do país nes-
te evento mundial para também pensarmos
mais e melhor na bicicleta como forma de
mobilidade para as cidades.
* O autor é advogado da Popp&Nalin Socieda-
de de Advogados, professor de Direito Empre-
sarial e Direito do Consumidor (FESP) e ciclista.
www.poppnalin.adv.br