Revista Ações Legais - page 85

85
Por Eduardo Person Pardini
fez entender que os sistemas de controles internos existentes nas empresas brasileiras não são
suficientes para detectar e/ou prevenir ocorrências de fraudes.
A falta de investimento, devido à crise econômica, nos processos de gestão pode ser um dos
motivadores, mas acredito que amaior parcela disto é a falta cultural de consciência e compro-
metimento comos fundamentos de governança e compliance.
Não é papel dos auditores externos detectar fraudes. A empresa tem outros mecanismos de
defesa, que devem ser mais apropriados para este objetivo, como, por exemplo, o canal de de-
núncias. No caso do Brasil, a detecção por este recurso esta muito abaixo quando comparado
ao resultado global.
Para reverter esta situação, as corporações no Brasil devem endereçar este assunto de forma
clara e objetiva. Não émais possível fingir que temgovernança ou que combatema fraude e/ou
a corrupção, seja uma empresa do setor privado ou público.
A alta gestão tem que ter compromisso com as melhores práticas de governança. Ela deve ter
consciênciaqueos riscos existemequeos gastos comos processos degerenciamentode riscos
e controles internos são, na realidade, investimentos.
Primeiro porque aperfeiçoa o capital aplicado em sua estrutura organizacional e, em segundo,
porque minimiza o possível impacto financeiro de uma perda gerada por fraude ou corrupção.
A pesquisa demonstra que o custo médio das perdas financeiras por fraude é entre 1% a 3% do
faturamento.
A empresa deve trabalhar e difundir em toda sua organização a cultura da gestão baseada em
riscos. Não adianta a empresa contar em sua estrutura com gestor de riscos, auditores e espe-
cialistas emcontroles internos, se os gestores da empresa, em todos os níveis, não foremprofi-
cientes em riscos e controles internos.
A liderança deve ser visionária e comprometida coma ética, de nada adianta ter código de con-
duta ética ou programas de compliance se os lideres não exemplificam em seus atos compro-
misso irrestrito comestes atributos.
A auditoria interna, como órgão de monitoramento independente, tem papel crucial em todo
este processo. O auditor é um dos agentes de mudança, mas para isto ele deve ter sua objeti-
vidade preservada através de uma postura profissional integra e ser proficiente ao atuar em
conformidade comas normas internacionais de auditoria.
Espero que as empresas, através de seus gestores, acordempara uma nova realidade, para um
novo ambiente corporativo, onde o valor da empresa é construído não somente pelo valor ge-
rado para as partes relacionadas, mas tambémbaseado emcomo ele é gerado.
Quem sabe, nas próximas pesquisas podemos nos deparar com um resultadomais positivo no
processo de combate a fraude e a corrupção.
1...,75,76,77,78,79,80,81,82,83,84 86,87,88,89,90,91,92,93,94,95,...131
Powered by FlippingBook