Piá, Que frio!

Nem bem começou o inverno, pois ainda estamos no outono, mas Curitiba sempre antecipa a temperatura com os termômetros no início e no final do dia marcando  por volta de 9 graus positivos. O ventinho enjoado e a garoa dá uma sensação térmica de mais frio e aja agasalho; mulher idosa usa quimono em casa e o homem ceroula quando não nasceu aqui. Sair de casa só por necessidade, pois sem trabalhar e comer ninguém vive. Ah, o céu curitibano fica no meio de nuvens e neblina quando o sol não aparece, mas quando ele dá as caras as nuvens desaparecem e um azul de brigadeiro toma o seu lugar, o dia no entanto fica mais frio com prenúncio de geada. Quando eu era criança ouvia os antigos dizerem : “Hoje caiu uma geada daquelas!” Só na escola foi que aprendi que geada não cai, geada se forma quando o orvalho congela. Hoje em dia, em muitas de minhas crônicas, quando retrato o cenário caótico do país em razão do desgoverno do Luiz Ignácio, escrevo que o jeito é morar em Anchorage, no Alaska, para fugir e viver bem longe do petismo e de gente obtusa que defende uma ideologia canhestra. Mas é só o friozinho dar o ar da sua graça para eu desistir de morar onde digo que vou fugir, porquê falando sério eu detesto o frio. Tá, eu sei que muita gente gosta, porque pode se vestir com mais elegância, tomar chá, usar botas e luvas, mas dispenso tudo isto. E sou curitibano da gema : nascido e criado pisando no calçadão da Rua das Flores, peguei muito o ônibus na Praça Zacarias para daí descer na Avenida Iguaçú, tomei muito frapê e me deliciei com a coalhada da Confeitaria Schäffer, belisquei uns docinhos na Confeitaria das Famílias, comi e continuo frequentando a Pizzaria Itália para tomar “aquela” vitamina com um incomparável pedaço de pizza, comprei camisa “Volta ao Mundo” no Frischman Magazine e assisti os melhores filmes de faroeste no Cine Avenida. Mesmo assim, sempre fui tilintando de frio, quando o inverno se fazia presente, do jardim de infância até concluir a faculdade, tinha noites que minha vontade era dormir com roupa de sair só para não trocar o pijama para ir à escola; mas tive uma mãe ditadora que nunca permitiu tal desatino. E por incrível que pareça eu amo Curitiba -, tanto quanto o “coração curitibano” do inesquecível Jaime Lerner, pois ele me ensinou a querer bem minha cidade que não tem praia, mas em compensação tem um povo generoso e respeitoso, trabalhador e ordeiro que é incapaz de jogar um papel de bala na rua. Infelizmente como em toda cidade grande tem vândalos que deixam suas marcas de ódio borradas nos muros e prédios alheios. 
Não, não vou trocar Curitiba por Anchorage pois frio por frio prefiro mil vezes ficar onde estou para não ter que tirar neve com pá, nem dirigir meu Fiat 147, avermelhado, com corrente nas rodas ou deslizar com o mesmo pelas ruas com risco de “machucar” sua impecável pintura. Se aguentei por diversas vezes a Maria Louca como governador não será o frio que vai me afastar de Curitiba, não mesmo, pois só aqui eu posso comer pinhão com um delicioso café com leite bem quentinho. E nem que o Luiz Ignácio numa madrugada qualquer apareça sorrateiramente em Curitiba, cercado do seu bando de Sem Terras e policiais federais, vou arredar meu pé de minha cidade. Visitante indesejável como ele e o Gilmar nós simplesmente ignoramos, pois este é o nosso cartão de visitas, quando não vamos com a  cara de alguém… 

“O inverno nem chegou e eu estou sentido o mesmo friozinho que sentia quando tinha de sair da cama para ir à escola. E 78 anos depois, só mudou mesmo, o piso aquecido dos banheiros e os aparelhos de ar condicionado, ligado com temperatura mais quente, para afastar o frio. E sair para a rua só dentro do meu Fiat 147, com seu super aquecido ar condicionado.”