Edson Vidal

A Vista do Meu Ponto. 

Pense um pouco : você é um profissional liberal bem sucedido que ganha muito dinheiro, muito mesmo por mês;  e por isto desfruta da vida como ela planejou para bem poucos. Com propriedades, bons carros, frequentando ótimos restaurantes, usufruindo do melhor clube social, tem sempre amigos ao seu redor, viaja quando quiser e fuma quando dá vontade um bom charuto cubano. E dentro deste cenário por mais que você tenha, mais você quer ter, porquê este desejo está implícito na natureza humana. A fase que cessa esta ganância natural é quando chega a idade da velhice e o ocaso está muito próximo. Você pelo seu ganho mensal saboreia o lado bom da vida. Mas de repente surge na sua vida um convite para você ocupar uma vaga no STF, um cargo de honras e pompas, porém, com um salário infinitamente menor do que você ganha na sua banca de advocacia : R$ 37.000,00 bruto, sem os descontos de Imposto de Renda e Previdência Social. E você é jovem - 47 anos idade - com uma vida útil pela frente e uma advocacia próspera. A pergunta que não quer calar : se você, leitor, estivesse na “pele” desse causídico, você renunciaria cifras vultuosas para ganhar “tostões” por mês ? Está a questão que me causa espécie quando vejo advogados jovens, bem sucedidos economicamente, aceitarem ganhar infinitamente menos apenas para ocupar um cargo do Ofício Público. É claro que para a grande maioria dos assalariados da categoria dos funcionários públicos o que ganha um Ministro do STF é a meta ansiada por todos, mas não faz inveja para os lordes das estatais, executivos de grandes empresas e muito menos de profissionais liberais bem sucedidos nas respectivas profissões. Dito isto, escrevo o que penso a respeito. O Cristiano Zanin, advogado que recebe polpudos honorários pela sua prestação de serviços como advogado, está disposto a renunciar o seu ganho milionário para ser Ministro do STF.  Onde está a lógica ? E o quê pensar a respeito ? O cargo não o impedirá de manter seu escritório de advocacia que ficará nas mãos de sua esposa (se for bacharel em Direito) ou de terceiros, para continuar usufruindo de um ganho extra (como ocorre com alguns dos atuais ocupantes de cargos no mesmo tribunal )? Prática ilícita de ganho indevido porque vedado em lei e que sujeita o infrator a perder o cargo através do Impeachment. A Lei Orgânica Nacional da Magistratura veda ao Magistrado qualquer renda que não o seu próprio salário, salvo o de poder lecionar um único cargo em Faculdade de Nível Superior. Muitos Ministros oriundos da classe dos “juristas” fazem com que suas esposas mantenham a banca de sua anterior advocacia para burlar o texto legal. E esta é uma verdade sabida. Aliás tem Ministro dono de empresa que chancela curso de Direito no exterior que recebe “doações” da Itaipu, o que é uma vergonha sem censura. E a Receita Federal fecha os olhos e solta o leão apenas para devorar os que não estão acobertados pelo Chefe do Estado. Enfim, este é o Brasil que alguns Juízes e Promotores Federais tentaram passar a limpo e que estão sendo perseguidos implacavelmente perseguidos e guilhotinados por aqueles que usufruem do poder, sem um mínimo de pudor e consciência … 


“Não conheço ninguém que renuncia milhões por ano para um emprego de tostões
Por mês. Tem muito mistério envolto nessa opção. Tem jacutinga no pedaço e já estou sentindo a catinga.” 

Atenção: As opiniões dos nossos colunistas, não expressam necessáriamente as opiniões da Revista Ações Legais.