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A histórica conferência ocorreu em ummomento em que se aspirava às mudanças neces-
sárias para que direitos básicos dos cidadãos fossem restabelecidos. “Os acontecimen-
tos no mundo político eram sérios. O país vivia ainda sufocado pelo poder militar, ainda
que o anseio por liberdade – a mais cara conquista do ser humano – estivesse latente em
manifestações que pipocavam aqui e acolá”, relembrou Ernani Buchmann, presidente da
Academia Paranaense de Letras e coordenador de Comunicação da OAB Paraná, que fez
uma contextualização histórica durante a cerimônia.
Durante sua exposição, Buchmann também relembrou o discurso de Faoro durante a VII
Conferência, quando convidou os presentes a enfrentar “as eventuais decepções imedia-
tas” e as converter em “estímulo para o triunfo da mais urgente causa do povo brasileiro:
a causa da liberdade, a causa da democracia, a causa do estado do direito”.
Presente no evento de 1978, a conselheira federal Edni Arruda recordou “a emoção e o
coração disparado” ao entrar no Teatro Guaíra. A advogada enalteceu o importante pa-
pel de nomes como o de José Rodrigues Vieira Netto, José Lamartine Corrêa de Oliveira
Lyra e Therezinha de Jesus Zerbini. “Em 1968, há 50 anos, numa cerimônia de colação de
grau, José Lamartine profetizou o que aconteceria no Brasil de amanhã. Assim disse ele: é
chegada a hora da partida. Compreendei que de tudo o que eu disse não há que se retirar
uma lição de desânimo, mas um canto de alegre decisão. Não se trata de meditar sobre
o direito em crise. Trata-se de construir um direito novo, a serviço do homem e de todos
os homens. Com as armas da Justiça, ajudai a preparar um Brasil que seja nosso e de seu
povo. Iluminai a grande noite ao caminhar”, afirmou Edni.