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Noronha ressaltou a importância histórica do evento, que há exatos 40 anos reuniu cen-
tenas de advogados com um objetivo comum no grande auditório do Teatro Guaíra. “Ali,
a advocacia brasileira começou a construir o futuro do nosso país. Foi um momento tão
importante que hoje nos reunimos especialmente para celebrá-lo”, frisou. “Resgatar a
memória daqueles que construíram a nossa história é obrigação de todos nós”, disse.
A mensagem deixada por todos os brasileiros que lutaram pela liberdade, pontuou No-
ronha, deve ser constantemente relembrada e ensinada às novas gerações. “Nós preci-
samos conscientizar aqueles que hoje vivem nesta época da informação fácil – do What-
sapp, do Facebook, do Instagram – e que fazem julgamentos apenas com base em uma
imagem. Para esta geração, faz sentido. E, às vezes, apenas uma imagem serve como
promotor e juiz, sem nenhuma piedade”, alertou.
“Neste mundo que é tão líquido, muitas vezes as pessoas não refletem sobre o que sig-
nificaria a volta do autoritarismo. Tenho visto com muita tristeza alguns incrédulos com
a solução que a democracia pode dar aos seus próprios problemas, chegam a bradar
que poderíamos reviver tempos que já vivemos. Mas nós, advogados, lembraremos que
aquele tempo não pode mais voltar”, defendeu o presidente da seccional.
Neste contexto, Noronha reforçou que é na democracia que o país encontrará a solução
para os problemas que enfrenta. “Combateremos a corrupção, afastaremos aqueles que
não prestam serviço à nação e que estão lá apenas para servir-se de um Estado que hoje
se mostra gigantesco e ineficiente. Diremos que não se faz aquilo que tentaram evitar
os conferencistas de 1978. Queremos democracia, um Estado de Direito que cumpra seu
papel social. A consciência dos advogados, baseada no primado da Justiça, assumiu o
protagonismo”, argumentou.
Diante da responsabilidade e do protagonismo da advocacia, Noronha conclamou os mais
de 60 mil advogados paranaenses a resgatar os princípios que nortearam o histórico
evento. “É tempo de fazer uma nova conferência de 1978 para resgatar o que desejamos
para o Estado de Direito”.
Claudio Lamachia, presidente do Conselho Federal da OAB, em seu pronunciamento so-
bre os 40 anos da Conferência Nacional de Advocacia de 1978, evidenciou a importância e
as conquistas do evento, retratando o contexto histórico que motivou as reivindicações
expostas na conferência. Em suas palavras, “seu maior legado [da conferência] é o da
firme intransigência na oposição contra toda e qualquer forma de tirania, o que, com efei-
to, representa a própria essência do múnus público advocatício”. “Onde quer que haja o
advogado, onde quer que esteja o bacharel, aí deve estar a consciência jurídica do povo
brasileiro em defesa do Estado de Direito”, arrematou.