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ESPAÇO DAS LETRAS
Não se Aposente! Sete Caminhos para Evitar
uma Aposentadoria Fracassada
Leandro Minozzo, Editora Alternativa, 140 páginas,
R$ 30,00
Em seu quarto livro, o médico Leandro Minozzo pro-
voca uma reflexão sobre a aposentadoria através do
enfoque emaspectos existenciais e no cuidado coma
saúde. Em Não se Aposente! Sete Caminhos para Evi-
tar uma Aposentadoria Fracassada, o autor descons-
trói o modelo de aposentadoria que prega o descan-
so e destaca os benefícios demanter-se ativo, como a
melhoria dos índices de bem-estar e longevidade.
O termo “aposentadoria fracassada” surgiu dentro
do consultório. Por atendermuitos idosos, é comumo
Dr. Minozzo testemunhar pessoas em momentos de
vida relacionados ao fimdo ciclo profissional. “Oaten-
dimento em geriatria possibilita uma visão bastante
global do paciente e, com o tempo, comecei a reco-
nhecer sinais de que problemas nessa transição impactavam diretamente na saúde daquele
ser humano sentado àminha frente”.
Na lista de problemas, na qual os médicos elencam as doenças que suspeitam ou diagnosti-
cam, ele passou a escrever “aposentadoria fracassada” como sendo uma condição digna de
ser interpretada e, por que não, remediada. Erampessoas que tinhama vida familiar até cer-
to ponto tranquila, mas que vinham com queixas de desajuste, com insatisfação existencial e
muitas vezes depressão.
“Com o passar dos anos, a ‘doença aposentadoria fracassada’ começou a se repetir e esse
fato despertou-me interesse cada vez maior. Precisava entender melhor todo o processo de
aposentadoria, quais eramas causas e os sinais do seu insucesso, como orientar melhor essas
pessoas e o que poderia fazer, como médico, para ajudar aqueles pacientes que estavam a
poucos anos de tomar essa decisão de parar de trabalhar ou não”, esclarece. No livro elemos-
tra os sete caminhos para tratar a doença que é a aposentadoria fracassada e estimula o leitor
a fazer uma transiçãogradual entre trabalhar full timeenão trabalhar. “Os sete caminhos para
se evitar uma aposentadoria fracassada são baseados no que entendo por uma vida plena,
no cuidado intenso com a saúde e no convívio social. Eles envolvem, é claro, planejamento e
constituemuma visão estratégica, integrando-se”, complementa.
Omédico cita no livro uma pesquisa realizada pela consultoriaMerryl Lynch, em2010, emque
51%dosaposentados relataramque, sepudessem, teriamficadomaisemseusobjetivospesso-
ais, ao invés do aspecto financeiro, quando planejaram a sua aposentadoria. Minozzo explica
que foi por isso que ele escolheu não usar o aspecto econômico como fio condutor ou como
mote do livro. “O foco está nas questões existenciais, que implicam, diretamente, no sentido
A Ditadura Militar e a longa noite dos generais
Carlos Chagas, Editora Record, 336 páginas, R$ 45,00
A partir de relatos sobre sua experiência como jor-
nalista, Carlos Chagas narra os últimos 15 anos do
regime militar brasileiro. As dificuldades impostas
pela censura, a perseguição a opositores, as dispu-
tas dentro da cúpula da ditadura e a prometida e
lenta transição para um estado de direito são al-
guns dos fatos tratados pelo livro A ditadura mili-
tar e a longa noite dos generais: 1970 – 1985, que
encerra o trabalho de Chagas sobre o regime dos
militares no Brasil.
Dono de uma linguagem clara e direta, Chagas re-
lembra os conturbados anos dos governos de Gar-
rastazu Médici, Ernesto Geisel e João Baptista Fi-
gueiredo, época em que trabalhava no Estado de
S. Paulo. O livro é pontuado por histórias e furos do
autor como jornalista político, algumas delas um
tanto irônicas, como o erro do departamento de espionagem que fez com que Chagas
ouvisse por razoável período conversas do general Filinto Müller ou mesmo a vez que,
em 1972, Juscelino Kubischek burlou a proibição de pisar em Brasília e, emocionado, viu
pela primeira vez em oito anos o progresso da cidade que ele mesmo fundou.
O livro ainda retoma histórias vividas por personagens que até hoje figuram na política
brasileira, como José Sarney, Francisco Dornelles, Paulo Maluf e a própria presidente
Dilma Rousseff, brevemente citada durante a descrição de um assalto organizado por
um grupo de opositores a uma casa no Rio de Janeiro.
TRECHO
“Durante a euforia dos anos em que o general Garrastazu Médici foi presidente da Repúbli-
ca, criou-se um país artificial através de bem urdida propaganda e de mais eficiente ainda
censura à imprensa e repressão a quantos contestavam o regime. O mote principal daque-
les anos ficou expresso na exortação ‘Brasil, ame-o ou deixe-o’, forma maliciosa de explicar
por que tanta gente buscou o exílio para não ser presa ou sofrer perseguições e, mesmo,
para justificar uma das maiores violências praticadas pelos donos do poder, a expulsão à
força de brasileiros do território nacional”.
Carlos Chagas é jornalista, comentarista da CNT e professor emérito da Faculdade de
Comunicação da Universidade de Brasília (UnB). Ganhador do Prêmio Esso de Jornalis-
mo em 1970, já publicou diversos livros, entre eles 113 dias de angústia, O índio sai da
sombra, O Brasil sem retoque e A ditadura militar e os golpes dentro do golpe: 1964 –
1969, estes dois últimos pela Editora Record.