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ESPAÇO DAS LETRAS
Baudelaire e a modernidade
Walter Benjamin, Autêntica Editora, 352 páginas,
R$ 43,00
Benjamin defendia que nenhuma análise de Bau-
delaire pode, a rigor, prescindir da imagem de
sua vida, pois, quando olhamos o artista, se faz
necessário captar sua personalidade provocativa
a fim de interpretar os múltiplos personagens:
flâneur, dândi, boêmio. Ao desafiar as regras do
jogo social, utilizando-se dessas máscaras na ten-
tativa de salvar a poesia (e principalmente o po-
eta) da corrosão mercantilista que a ameaçava,
Baudelaire foi o primeiro a atentar-se para o fato
de que a burguesia estava prestes a retirar do ar-
tista a missão que lhe tinha atribuído.
“Que missão especial poderia ocupar o seu lugar?
Essa missão não era mais uma missão de classe;
tinha de ser deduzida do mercado e das suas cri-
ses. O que ocupou Baudelaire foi a resposta não à procura manifesta e de curto pra-
zo, mas à latente e de longo prazo. As flores do mal mostra que o seu cálculo estava
certo. Mas o mercado, no qual essa procura se manifestava, determinava uma forma
de produção, e também de vida, completamente diferente da dos poetas de épocas
anteriores”, escreve Benjamin.
Ao colocar Paris no centro da obra, Baudelaire representou para Benjamin a figura-
-chave ideal para decifrar a época moderna e suas transformações em termos sociais,
políticos e culturais. O que temos aqui é a origem de uma produção intelectual que
pretendia desembocar em sua obra máxima, tendo como tema a capital francesa e
sua relação com o capitalismo. Em comentário de Rolf Tiedemann e Hermann Schwe-
ppenhäuser na edição original organizada por Scholem e Adorno, aponta-se: “Embora
o livro sobre Baudelaire tenha permanecido um fragmento, ele é, de fato, mais inaca-
bado do que fragmentário”.
A publicação apresenta um conjunto de ensaios que, em sua maioria, pertencem à úl-
tima fase do itinerário biográfico e intelectual de Benjamin quando estava exilado em
Paris. A modernidade é o título genérico, uma vez que tem um alcance mais abrangen-
te do que a mera definição de uma época autônoma, ao permitir uma reconstrução
histórico-filosófica do período. O que a história esconde em seu desenrolar é objeto
de um empreendimento intelectual que visa a decifrar o cenário social, político e cul-
tural daquele momento.
Sobre o autor: Filósofo, ensaísta, crítico literário e tradutor, Walter Benjamin (1892-
1940) abandonou a carreira acadêmica após a rejeição de sua tese de livre-docência,
intitulada Origem do drama trágico alemão, pela Universidade de Frankfurt, que a
considerou pouco convencional. Escreveu peças para rádio, além de artigos para di-
versos veículos de imprensa, entre elas a Zeitschrift für Sozialforschung, revista do
Instituto de Pesquisa Social (mais tarde conhecido como “Escola de Frankfurt”). Ale-
mão, filho de judeus, deixou seu país em 1933 rumo a Paris, onde ficou até a invasão
nazista. Em 1940, fugiu ilegalmente para Portbou, Espanha, onde se suicidou para não
ser capturado pela Gestapo. Benjamin deixou vasta e brilhante obra literária, além de
ter contribuído enormemente para a teoria estética, filosofia, pensamento político e
para a história.
Sobre Baudelaire: Charles Pierre Baudelaire nasceu em Paris em 1821 e influenciou –
direta ou indiretamente – toda a poesia moderna tanto de sua época como das ge-
rações que viriam. Sua estreia foi em 1843, com a coletânea Vers. Se envolveu forte-
mente com a classe artística boêmia e viveu intensamente experiências com álcool e
drogas – o que levaria ao rompimento com a família, que o interditou e nomeou um
tutor para administrar a herança que herdara do pai. Contestou a civilização moder-
na, destacando-se pelas traduções que fez da obra de Edgar Allan Poe, pela coletânea
autoral de 18 poemas sob o título de As flores do mal (1857) e também por Paraísos
artificiais (1858). Faleceu em 1867, aos 46 anos.
da vida e na saúde – porque acredito e percebo que são nesses aspectos que as pessoas mais
se perdemao entrar nessa fase da vida”.
A obra ainda apresenta dados de pesquisas realizadas no Brasil e no mundo que comprovam
oque ele fala: as pessoas não sepreparampsicologicamente e financeiramentepara essa fase
da vida que pode durar mais de 30 anos. “Se a questão entre idealização e planejamento não
for bem equacionada, você pode viver 30 ou 40 anos com sérios problemas em diversos as-
pectos da sua vida”, sentencia.
O empresário Raul Randon é quem assina o prefácio. Aos 85 anos, Randon é um garoto pro-
paganda do que prega Minozzo: a não aposentadoria da vida. “Sempre me pedem a receita
de sucesso. E eu respondo: determinação, persistência, espírito de equipe e trabalho série de
gente do bem e comprometida com a profissão que escolheu. De minha parte, o que procu-
ro passar sempre adiante é o benefício do trabalho. É preciso trabalhar com alegria. Isto nos
mantém vivos. Aposentadoria? Somente quando for inevitável. E, mesmo aposentado, é pos-
sível continuar na ativa. O Brasil é fértil em empreendedorismo e tem um enorme potencial
a ser explorado ainda. É preciso ousar, vislumbrar, planejar de maneira responsável e sonhar
sempre o futuro”, escreve o presidente do Conselho de Administração das Empresas Randon
e fundador e presidente da Rasip Alimentos Ltda nas primeiras páginas da obra.
Leandro Minozzo é médico, mestre em Educação. É especialista emNutrologia, tem pós-gra-
duação emGeriatria e Gerontologia e Pós-MBA emLiderança. É palestrante e autor dos livros
Doença de Alzheimer: Como se Prevenir, EmBusca do Sentido da Vida na Terceira Idade eUm
Novo Envelhecer: Tempo de Ser Feliz.