Revista Ações Legais - page 22-23

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ARTIGO
A era da advocacia 2.0
chegou
Por Fernanda Vignoli Cabral, advogada
D
urante os meus anos de carreira na área ju-
rídica, percebo que a advocacia é um dos
mercados que menos mudou sua forma de
executar trabalhos nas últimas décadas. Porém, o
que tenho percebido é que esse cenário tende a
se transformar radicalmente, principalmente com
a implementação de novas ferramentas tecnológi-
cas para a prestação de serviços legais e jurídicos.
A necessidade de inovação é evidente, converten-
do a cultura de antigos modelos de escritórios para
organizações jurídicas profissionais, independente-
mente do tamanho da companhia.
Até meados da década de 90, o computador era
apenas uma ferramenta para acelerar o processo de
digitação de documentos. Os advogados trabalha-
vam individualmente, promovendo o atendimento
pessoal do cliente, buscando arquivos necessários,
atendendo telefone, dirigindo-se ao fórum para in-
gressar com a ação, realizando a audiência e fazen-
do a cobrança final dos honorários. Estou falando
de um cenário de quase 30 anos atrás! Mas será que
houve realmente uma mudança significativa nessas
últimas décadas? Será que os advogados estão pre-
parados para o mundo digital de hoje?
Como acontece com qualquer profissão, o que era
inovador em uma época se torna ultrapassado no
presente. O avanço da Internet passou a exigir uma
advocacia mais moderna, que acompanhe as trans-
formações tecnológicas e se adapte a elas.
Vejo hoje, cada vez mais, Lawtechs ou Legaltechs (termos que se referem a startups que
criam serviços e/ou produtos voltados ao mercado jurídico) criarem plataformas para ex-
plorar as atuais falhas que esse setor ainda apresenta, mesmo com tanta tecnologia à dis-
posição. Essas plataformas são utilizadas na terceirização de serviços advocatícios, tais
como na elaboração automatizada de petições, análise de documentos, confecção de
contratos, gestão de prazos e pendências, entre outros. A tecnologia vem fazendo um
movimento disruptivo irreversível.
Os advogados e demais agentes do Direito precisam estar prontos para acompanhar essa
revolução, que acontecerá em uma velocidade cada vez mais rápida. Quem não se atu-
alizar certamente ficará para trás no mercado. É necessária uma mudança urgente de
pensamento dos profissionais de Direito, pois a chegada dessas plataformas e aplicativos
jurídicos estão impondo aos advogados a necessidade de adequação à modernidade.
Vale destacar, no entanto, que o advogado não será obrigado a possuir todas as habilida-
des referentes à advocacia: captação de clientes, gestão de trabalhos, execução, conhe-
cimentos técnicos, desenvoltura oral etc. O que quero transmitir aqui é que essas ferra-
mentas chegam para auxiliar o trabalho mais burocrático para, assim, o profissional focar
suas energias e esforços no desenvolvimento de suas melhores competências e otimizar
tarefas mecânicas, reduzindo o custo e o tempo de atendimento aos clientes.
Sempre digo a todos emmeu ambiente de trabalho que precisamos lembrar que advoca-
cia é sobre pessoas. Justamente por isso não poderemos e nem conseguiremos automa-
tizar tudo. Porém, afirmo que, dentro das possibilidades, devemos cada vez mais utilizar
a tecnologia a nosso favor. Somente dessa forma seremos capazes de otimizar a nossa
rotina, aperfeiçoar os nossos serviços e, por consequência, melhorar o atendimento aos
nossos clientes. Você está preparado?
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