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FLAGRANTES DO MUNDO JURÍDICO
papéis oficiais - que assinava todos os documentos que eram colocados em sua frente pa-
ram por as mãos no dinheiro público; e depois que o crime era descoberto e mostravam
o documento com sua assinatura ele não perdia a fleuma e respondia:
- Claro que a assinatura é minha, só que não fui eu que assinei!
Não é admissível que pessoas no exercício de funções relevantes não tenham um pingo
de cuidado sobre o que falam e com quem falam -, parecem esquecer a prudência e a
discrição. Pois se não tivessem falado o que não deviam com certeza a divulgação da con-
versa não teria nenhuma relevância e nem seria do interesse da imprensa e de ninguém.
Claro que sou uma geração de profissionais que saiu ou está saindo de cena, porém lem-
bro muito bem quando na minha juventude de vinte e dois anos de idade ao assumir o
cargo de Promotor, o então procurador-geral de Justiça professor Ary Florêncio Guima-
rães, me disse sem rodeios:
- O promotor de Justiça só fala dentro do processo e nunca fora dele!
E nem eu e nem meus colegas ousávamos dar entrevista na imprensa, salvo quando pre-
viamente autorizados. E muito menos nos atrevíamos a fazer palestras sobre os temas
dos assuntos que estavam “sub judice”. Mas a notória falta de decoro e péssimos exem-
plos ditados pelos ilustres “jurisconsultos” que integram o STF, que fazem das câmeras
de TV e dos microfones acessórios de suas togas, acabaram com a respeitabilidade das
carreiras jurídicas do estado.
Hoje, juiz ou promotor dizem o que querem e quando querem seja num telefone celular,
para a imprensa ou mediante prévia remuneração para qualquer plateia do país.
E o pior que estes escândalos fazem parte do século que ainda está engatinhando e com
certeza os negligentes e ingênuos agentes públicos continuarão com suas bocas grandes
alimentando jornalistas sensacionalistas e redes de TV oportunistas.
E nestes telefonemas inconsequentes não escapa ninguém dos envolvidos; por não exis-
tir lógica nos procedimentos e nem justificativas. É dispensável citar nomes porque são
figuras conhecidas, umas projetadas por acaso e que estão deslumbradas pela popula-
ridade e fama que nunca sonharam usufruir, e outros meros aproveitadores que nada
tem a perder. E pensar que o pior ainda está por vir, duvida? Então vamos dar tempo ao
tempo...
“Será que ninguém sabe mais agir com discrição? O telefone celular passou a ser a maior
fonte de informação e objeto de luxo de todos os grandes escândalos. E os homens pú-
blicos caem como patinhos na rede. Ou são ingênuos ou muito despreparados para os
cargos que ocupam”.