Revista Ações Legais - page 38-39

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Confira a entrevista que David Tavares concedeu à revista Ações Legais
Ações Legais - Qual a tese que o sr. sustenta no livro?
David Tavares -
No livro sustento algumas teses
que se inter-relacionam entre si como, por exem-
plo, da consciência como um artefato biológico e
perceptivo que surgiu durante a evolução da es-
pécie humana, tomando a forma de um algoritmo
de retroalimentação de informações e que, vem
antes do pensamento linear.
Sustento também, a ideia de um limite cognitivo
no cérebro provocado pelas categorias programa-
das na mente humana por uma linguagem linear
e vertical, o que consequentemente limita a per-
cepção humana de novas formas de conhecimen-
to. Após isso, como latência evolutiva, sustento o
surgimento de uma intuição “corpórea” que se re-
vela no sujeito como uma necessidade natural de
criação e descoberta de novas ideias.
Após o detalhamento destas ideias, busco descre-
ver a ontogênese do desenvolvimento desses pro-
cessos algorítmicos evolutivos, que atuam como
um motor de mudanças, sendo ativado pela ne-
cessidade de adaptação a novos ambientes, neste
caso, o ambiente tecnológico do mundo contemporâneo. Portanto, estamos provocan-
do um salto evolutivo de nossa espécie ao incorporar novas técnicas oriundas do advento
tecnológico, ou ainda, de novos artefatos criados pela inteligência humana, o que altera
o pensamento numa interface cibernética e que parte na proposta apresentada no livro
como tendo origemno próprio corpo imerso nestes novos cenários de rápidas mudanças.
Finalizando, aponto a necessidade de uma urgente mudança nos atuais sistemas de edu-
cação para viabilizar a adaptação deste novo homo ciberneticus, pois ele não se adéqua
mais a nossa atual estrutura sistêmica vertical e rígida. É necessário algo mais flexível.
Ações Legais - Como e porque os atuais modelos pedagógicos de ensino e aprendizagem
anulam a criatividade?
David Tavares
- Os atuais sistemas de ensino e aprendizagem, foram no passado, além de
uma necessidade para a época, uma revolução para o conhecimento humano. Entretanto,
ENTREVISTA
Autor apresenta um pensamento
de vanguarda e discorre sobre o
surgimento de um autodidatismo
libertário, tecnológico e de natureza
cibernética
estes modelos, já obsoletos para a contemporaneidade, não se adéquam mais as atuais
gerações Y e Z, pois estas são modificadas na interseção provocada pelo advento tecno-
lógico. Assim, tentamos manter, de maneira cega por não os entendermos, os mesmos
e antigos modelos na resolução de novos e complexos problemas que se apresentam. E,
por não conseguirmos resolver, interferimos no sujeito alterando sua produção cerebral
com novas drogas que “potencializam” suas capacidades cognitivas como a atenção, a
concentração e a memória, mas, sem entendermos na essência os seus efeitos colaterais.
É percebido por todos as atitudes desesperadas da sociedade contemporânea. Busca-
mos entender o que ocorre, entretanto, anulamos a criatividade do sujeito nesse proces-
so não entendendo sua ontogênese de desenvolvimento natural na busca pelo saber. Tal
acontecimento é uma necessidade inata de absorção informacional, que são produzidas
por intuições corpóreas e que necessita ser estimulado e despertado. Contudo, ao invés
de prepararmos o sujeito para um aprendizado natural, disciplinamos ele para que aten-
da aos “modelos e padrões” necessários para manutenção de nossas instituições mo-
dernas. Nos esquecemos nesta seara, que para termos um sujeito em potencial, antes,
precisamos preparar um ambiente em potencial, para a partir disto, devolver ao sujeito
sua capacidade inata de conhecer a si mesmo e o mundo ao entorno.
Eliane Peçanha, diretora da Editora Íthala, e David Tavares
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