Revista Ações Legais - page 92-93

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QUATRO PATAS
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ecentemente tenho conversado com várias pessoas que militam na área de prote-
ção animal e refletido muito sobre o assunto.
Como médico veterinário me considero um protetor animal; ou não teria dedicado
os últimos 25 anos de minha vida a cuidar dos animais e preparar as pessoas para cuida-
rem deles como docente.
Enxergo diferentes formas de atuar na proteção animal desenvolvidas há décadas, de-
pendendo da inspiração ou das necessidades de cada comunidade.
Alguns pontos devem ser considerados, entretanto, para tentar propor uma forma de
proteger os animais.
Uma primeira consideração é questionar porque as pessoas mantêm animais perto de
si. Registros muito antigos,de pinturas em cavernas já retratam animais perto dos seres
humanos. Desde que o homem começou a viver em comunidade, trouxe para perto de
si animais de estimação e companhia. Posso inferir que esta aproximação ocorreu por
diversas razões que, eventualmente, variaram em importância ao longo dos séculos: pro-
teção; calor; trabalho; ostentação; companhia e outros.
Um fato que deve ser fortemente considerado é que nas últimas décadas a humanidade
tem passado por grandes e importantes transformações. A população urbana aumentou;
o espaço para se morar diminuiu; o número de horas trabalhadas e dispendidas na loco-
moção aumentou; o número de pessoas nas famílias diminuiu muito; o desenvolvimento
e acesso à tecnologia fez com que as pessoas passem muito mais tempo trabalhando
(mesmo em suas casas) e distantes dos convívares por que, eventualmente, não gostam
de assistir ao mesmo programa de televisão.
Independente de qual ou quais tenham sido os motivos, o que se vê nos dias atuais é que
os humanos mantêm uma relação de afeto muito grande com seus animais de estimação.
Casais que se separam e não têm filhos lutam, às vezes na justiça, pela posse do cão ou do
gato. Crianças ficam doentes quando seus cães ou gatos morrem ou se perdem; ou, não
raramente, são postos na rua pelos pais, por razões que mais tarde vou abordar.
Filhos adotam o cão ou o gato que pertenciam à sua mãe ou a seu pai depois deles falece-
rem e espelham nesse cão ou gato o amor que pela mãe ou pai sentiam.
Algumas pessoas vêem nos animais o conforto para a solidão por serem pessoas que tra-
balham muito; vivem nas grandes selvas de pedra; têm dificuldades de relacionamento;
vivem longe das famílias pequenas ou qualquer outra razão.
O fato concreto é que independente da ou das causas, os animais passaram a ocupar um
papel muito importante na sociedade atual.
Com esse grau de importância é de se imaginar que, para alguns, é um insulto presenciar
tantos animais nas ruas, abandonados. E como forma de tentar minimizar esse desgos-
to, alguns dedicam suas vidas, as de suas famílias e todo seu dinheiro, a resgatar animais
abandonados das ruas.
Nas próximas edições desta coluna falaremos das manobras e medidas já em andamento
na tentativa de controlar a questão dos animais abandonados nas ruas; porque não têm
surtido efeito e as propostas para tentar diminuir o impacto que estes pobres abandona-
dos nas ruas trazem à sociedade.
Um forte abraço, Fernando Ibañez.
Prof. Dr. José Fernando Ibañez
Universidade Federal do Paraná - UFPR
Setor de Ciências Agrárias - Departamento de
Medicina Veterinária
Ibanez Ortopedia Veterinária
Uma primeira consideração é
questionar porque as pessoas
mantêm animais perto de si.
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