Revista Ações Legais - page 16-17

16
17
ativamente. Além disso, apenas 37,7% dos entrevistados disseram ter interesse na política.
Apesar dessa baixíssima participação dos respondentes nessas atividades, a pesquisa
aponta para um maior desejo nesse sentido. Mais de 80% dos alunos acreditam que a
educação política deveria estar presente nas escolas (53,6% concordam totalmente com
a ideia, e 27,8% concordam parcialmente – foram 18,6% os que afirmaram discordar total
ou parcialmente).
Mesmo diante da escassa participação nas ações coletivas, os estudantes pensam que o
jovem de 16 anos está preparado para votar: 37,6% acham que sim, e 26,15% concordam
parcialmente. 36,3% dos pesquisados, por sua vez, creem (parcial ou totalmente) que o
adolescente de 16 anos não tem preparação suficiente para exercer o direito/dever do
voto. Direito, aliás, que eles defendem que seja mantido como obrigação legal: 41,2% con-
cordam totalmente e 18,2% parcialmente com a obrigatoriedade do voto. Contraditoria-
mente, apenas 33% dos pesquisados com idade entre 16 e 18 anos disseram já ter feito o
título de eleitor.
Rejeição aos políticos
De qualquer modo, a decepção com os “representantes do povo” é grande, pois 68,7%
concordam parcial (38,46%) ou totalmente (30,24%) que “os políticos são todos corrup-
tos”. Corrupção, entretanto, que não encontra grandes barreiras entre 19,8% dos pesqui-
sados, pois 14,2% concordam totalmente e 5,6% parcialmente com a frase: “Venderia meu
voto por R$ 1 mil”.
A grande maioria dos alunos não acredita que os políticos representam bem a socieda-
de. As porcentagens que indicam essa descrença são significativas no que diz respeito a
senadores (75,4%), deputados federais (74,3%), deputados estaduais (74,7%), vereadores
(67,3%), governador (77,8%) e, sobretudo, presidente da República (81,8%).
Desconhecimento
As respostas a questões ligadas à cidadania e à representação política mostram notável
desconhecimento quanto ao funcionamento das instituições. Responderam não saber
o que é a Constituição Federal 41,2% dos alunos. E o que faz um deputado estadual? 41%
dos estudantes não sabem, assim como 33% não têm ideia do que faz um juiz de Direito,
e 39,3% dizem o mesmo do Ministério Público.
A pesquisa detectou ainda que o principal meio de informação para 31,48% dos estudan-
tes é a internet – a TV apareceu em segundo lugar, com 28,9%. Os jovens elegeram como
problemas mais graves nos seus municípios a saúde (26,2%), a segurança (16,3%), o desem-
prego (15,9%), o saneamento básico (15,5%) e a educação (10,5%). Outro indicador interes-
sante é que mais de um terço dos estudantes (34,3%) diz colaborar com a renda familiar.
Passividade
O promotor de Justiça Eduardo Cam-
bi, coordenador do Geração Atitude,
viu o resultado da pesquisa com pre-
ocupação, especialmente no que se
refere à passividade revelada pelos
estudantes. “Eles acreditamque a cor-
rupção é um dos grandes problemas
do país e que os políticos não repre-
sentam adequadamente a sociedade,
mas não tomam atitudes para mudar
esse quadro. São pouquíssimos os
que têm interesse pela política e que
participam de atividades de cidada-
nia, dentro ou fora da escola. Ou seja, os jovens acreditam que a situação está ruim, mas
pouco ou nada fazem para mudá-la e parecem não acreditar na força da participação po-
pular”, lamenta Cambi.
O procurador de Justiça Armando Antônio Sobreiro Neto, coordenador das Promoto-
rias de Justiça Eleitorais do Ministério Público do Paraná, avalia que a baixa participação
na vida cívica revelada pela pesquisa é um reflexo da falta de cultura de uma vivência
Promotor de Justiça Eduardo Cambi, coordenador
do Geração Atitude
CIDADANIA
1,2-3,4-5,6-7,8-9,10-11,12-13,14-15 18-19,20-21,22-23,24-25,26-27,28-29,30-31,32-33,34-35,36-37,...
Powered by FlippingBook