Revista Ações Legais - page 71

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No contexto internacional, percebe-se em alguns países a mesma tendência em dificultar
a obtenção de recursos para a cultura. Em novembro, a ABA acompanhou a OFF Cairo
Biennale, evento cultural distribuído em diversos espaços urbanos da capital do Egito.
Utilizando espaços tanto da parte antiga quanto da parte central da cidade, a ação reuniu
exposições de artes visuais, cinema, música, workshops e palestras de artistas de todo o
mundo.
Com o tema “E se isso não tivesse acontecido?” (What if it did not happen?), a edição de
2018 da OFF Cairo Biennale refletiu sobre quais seriam os caminhos da arte caso a história
fosse contada longe dos grandes centros e fora das narrativas históricas hegemônicas.
Participaram do evento artistas do Egito, Alemanha, Bahamas, Suécia, Brasil, Itália, Fin-
lândia, Suíça, Filipinas, França e Índia.
O histórico da antiga Cairo Biennale, que foi um dos maiores eventos do gênero no Egi-
to, retrata bem a mudança de paradigma atravessado pela arte contemporânea. Antes,
o evento era organizado por fundos advindos do Ministério da Cultura egípcio. Há nove
anos, porém, seu financiamento foi integralmente cortado, frente à crescente instabilida-
de política e econômica do país, o que inviabilizou a produção de novas edições.
Em função dos cortes, o Darb 1718, instituição sem fins lucrativos de fomento à arte egíp-
cia contemporânea, propôs a reativação da Cairo Biennale de forma que ela não depen-
desse dos repasses do governo. Para isso, o diretor artísticoMoataz Nasr conseguiu apoio
de Simon Njami, curador francês tido como responsável pela reinserção da arte africana
contemporânea nas grandes exposições mundiais. Juntos, eles idealizaram a OFF Cairo
Biennale, que teve sua primeira edição em 2016.  
Como funciona
A atuação da instituição sem fins lucrativos Darb 1718 foi pautada na busca por apoio ins-
titucional de embaixadas e de potenciais parceiros. Na edição de 2018, participaram as
embaixadas, na cidade do Cairo, de Espanha, Brasil e Polônia, além do Instituto Goethe,
Instituto Italiano de Cultura, Institut Français e Danish-Egyptian Dialogue Institute.
Dessa forma, honrando um histórico de diversas ações sociais de impacto relacionadas à
arte no Egito, o Darb 1718 foi capaz de atuar enquanto força centrípeta de ummovimento
coletivo de viabilização de projetos, a despeito de toda a instabilidade existente no país.
“O bom resultado do evento mostra que, seja no Egito ou no Brasil, há que se pensar em
novas soluções para o fomento de atividades relacionadas às artes e à cultura”, pondera
Francisco Bley. Frente à crescente desconsideração com a área, o Terceiro Setor emerge
com grande potencial para a proposição de novos caminhos.
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