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sidiados” e agora o haverá pouco a oferecer. “Sou favorável ao impeachment e creio
que para que isso vá adiante basta a existência de crimes, como os fatos demons-
tram, um Congresso propenso a reconhecer estes crimes, e um apoio nacional. Já
está se formando uma consciência coletiva, um sentimento nacional de reprovação
do governo federal”, destacou.
Desconfiança
“Nas duas últimas décadas estamos convi-
vendo com uma extensa lista de escândalos
políticos desde o caso Celso Daniel em 2000,
até o início da Operação Lava Jato (2014)”,
lembra o professor de ciências políticas do
Programa de Pós-graduação em Direito da
Uninter, Doacir Gonçalves de Quadros. “Es-
tima-se que neste período pelo menos cinco
dezenas de escândalos tenham sido divulga-
dos pela imprensa brasileira”, observa, des-
tacando que de um lado, a divulgação dos
escândalos esvazia a reputação e a confian-
ça frente aos envolvidos, neste caso dos po-
líticos e governantes brasileiros. E, de outro lado, quando as investigações sobre os
escândalos vão em frente, como as decorrentes da Operação Lava Jato, cria-se uma
desconfiança generalizada e profunda da população como ocorre sobre o governo
de Dilma Rousseff.
“Tudo isso porque a base de apoio político da presidente encontra-se envolvida no
esquema de corrupção da Lava Jato”, observa. O cientista político acentua que para
contribuir ainda mais com esta desconfiança da população frente ao governo é bom
lembrar que a presidente Dilma defendeu um discurso eleitoral mentiroso durante
a campanha de 2014. “Houve uma maquiagem deliberada em seu discurso para pas-
sar para a população a ideia de que o Brasil estaria economicamente saudável. Este
discurso não foi corroborado pelas primeiras medidas impopulares que adotou no
início de seu segundo mandato. Isso favoreceu o pedido de impedimento contra a
Presidente Dilma Rousseff feito pelo jurista Hélio Bicudo, aprovado em dezembro
de 2015 pelo presidente da Câmara dos Deputados como um ato de represália, por
ela não tê-lo defendido contra as denúncias de corrupção que ele responde na ope-
ração Lava Jato”, analisa Quadros.
acompanham, como participam da vida política do país. Nos limites estreitos dessa parti-
cipação cabe, sem dúvida, pôr em letras bem claras o que queremos e o que esperamos.
Acompanhamos com a certeza de que possamos, por aqueles que nos representam, aca-
lentar a esperança. Esperança que não é só nossa, mas encontra guarida no coração dos
brasileiros que esperam que o Brasil encontre seu destino de uma perspectiva democrá-
tica. Aceitar a democracia é ter esperança. E ter esperança é o único caminho para que
tenhamos uma sociedade onde a justiça seja o fundamento da paz. Alcançamos esse ob-
jetivo e esperamos com otimismo um novo Brasil, com novas perspectivas, e a certeza de
que a nação encontre a largada para a verdadeira participação democrática”.
Reflexão
Entrevistado pela reportagem do jornal Gazeta
do Povo, logo após a decisão da Câmara dos
Deputados de aprovar a abertura do processo
de impeachment da presidente da República,
o presidente da seccional da Ordem dos Ad-
vogados do Brasil no Paraná (OAB-PR), José
Augusto Araújo de Noronha, considera que o
momento não é de comemoração, mas de re-
flexão. Ele ressaltou que a OAB fez um amplo
debate para definir sua posição. “O posiciona-
mento deumuita força para que se chegasse ao
resultado que se chegou, favorável à abertura
do processo de impeachment”, afirmou Noronha. “É um processo que tem outras fases
e um caminho a ser percorrido. Ainda vai ser dada nova possibilidade de ampla defesa e
do contraditório”, acrescentou. O presidente da OAB-PR também declarou acreditar que
no Senado a votação terá resultado semelhante ao da Câmara dos Deputados.
Divisor de águas
O jurista René Ariel Dotti considerou a deci-
são da Câmara dos Deputados um divisor de
águas, e disse que tem certeza de que o país
vai aprovar a mudança, pois os movimentos
de apoio ao governo vão se enfraquecer por-
que, enquanto os movimentos pró-impeach-
ment se denominam como apartidários, os
grupos que apoiam o governo seriam “sub-
Presidente da OAB Paraná, José Augusto
Araújo de Noronha
Foto: Bebel Ritzmann
Jurista René Ariel Dotti
Cientista político Doacir Gonçalves de
Quadros
Divulgação
Divulgação
IMPEACHMENT