Revista Ações Legais - page 124-125

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Vacina nacional ou importada?
Tenho sido frequentemente abordado por pessoas, inclusive colegas veterinários, que
afirmam veementemente que vacinas de empresas nacionais não são boas. Afirmam
que recebem vários animais com a carteirinha de vacinas perfeitamente preenchida e
animais com doenças cujas vacinas deveriam prevenir.
É importante considerar que a vacinação não extingue o risco do paciente desenvol-
ver a doença que aquela vacina previne. É bem pouco provável que um animal vacina-
do desenvolva a enfermidade que a vacina previne, mas não existe vacina 100% eficaz.
De todas as formas, consideramos praticamente risco zero que um animal saudável e
vacinado desenvolva a doença para a qual ele foi vacinado.
Mas então porque vacinas falham, e especialmente as “nacionais”?
Antes de falarmos sobre as falhas vacinais, devemos considerar o conceito de vacina
ética e não ética. Vacinas éticas são aquelas vendidas somente para estabelecimentos
veterinários de saúde animal, ou seja, clínicas, consultórios e hospitais veterinários.
Vacinas não éticas são aquelas produzidas por laboratórios que permitem a venda a
qualquer estabelecimento.
No Brasil, registrar uma vacina “importada” ou “nacional” requer os mesmos proce-
dimentos. É dizer que mesmo que uma vacina que já é consagrada fora de nosso país,
para adentrá-la e obter registro precisa passar por TODOS os testes novamente, rea-
lizados aqui no Brasil. Nossos órgãos de aprovação não admitem testes já realizados
em outros países. E, por incrível que pareça, registrar um medicamento (vacina) na
ANVISA, é muito mais trabalhoso no Brasil que em muitos países desenvolvidos.
Outro fator que deve ser considerado é que mesmo as vacinas ditas importadas, têm
grande parte de seu manuseio e produção aqui no Brasil.
Mas então porque tanta gente fala das vacinas de laboratórios brasileiros.
Arrisco afirmar que o problema não são as vacinas. Nossos laboratórios produziram
e produzem vacinas muito bem. É com vacinas nacionais que controlamos a raiva ur-
bana em quase todo território nacional; é com vacinas nacionais que controlamos a
febre aftosa nos rebanhos do nosso país; é com vacinas nacionais que controlamos
uma infinidade de doenças em seres humanos...
Acredito que a grande dificuldade está no armazenamento e momento da aplica-
ção das vacinas. Estabelecimentos não veterinários e despreparados para manter
as vacinas podem descuidar da estocagem, manutenção da temperatura e manu-
seio das vacinas durante a aplicação. Se a energia acaba, por exemplo, durante a
noite e a temperatura da geladeira sobe, as vacinas estragam e todos os animais
vacinados com aquelas doses não serão imunizados. A temperatura das geladeiras
comuns não é estável nem constante e a maioria dos estabelecimentos não dispõe
de termômetros dentro das geladeiras que registrem as temperaturas ao longo do
tempo. Também é desconhecido para a maioria das pessoas o fato de que a porta
da geladeira tem temperatura superior à desejada para a boa conservação das vaci-
nas; assim como que a abertura constante da geladeira pode elevar em vários graus
a temperatura em seu interior.
Na próxima edição, a coluna abordará a questão da aplicação de vacinas.
Prof. Dr. José Fernando Ibañez
Universidade Federal do Paraná - UFPR
Setor de Ciências Agrárias - Departamento de
Medicina Veterinária
Ibanez Ortopedia Veterinária
QUATRO PATAS
Prof. Dr. José Fernando Ibañez
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