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ESPAÇO DAS LETRAS
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História sociopolítica da língua portuguesa
Carlos Alberto Faraco, Parábola Editorial, 400 páginas,
R$ 65,00
O autor revisita aspectos da história das sociedades
em que a língua portuguesa está presente hegemoni-
camente como língua primeira de sua população, ou
primordialmente como língua segunda (assuntos do
capítulo I).
Quis entender as bases dos discursos contemporâ-
neos sobre a língua portuguesa, em especial os que
ocorrem subsumidos sob o termo lusofonia (assun-
to do capítulo II). Este objetivo conduziu a curiosas
fabulações como a do Quinto Império (tão extensa-
mente explorada pelo Padre Vieira) ou a do Império
da Língua Portuguesa (forjada, em diferentes chaves,
pelo poeta Fernando Pessoa e por Agostinho da Sil-
va); bem como às diversas concepções político-imperiais desde o milenarismo da cor-
te de D. Manuel I, no século XVI, até a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa
(CPLP) no século XX.
De 1822 a 1974, a língua portuguesa foi, em geral, tema sociopolítico de apenas dois
países — Portugal e Brasil. Para acompanhar as questões postas nesse período de um
século e meio foi preciso passar em revista a história das relações entre os dois países,
ora próximos, ora distantes. O fim do colonialismo português na África e na Ásia, em
1974, trouxe novos atores para a cena, ampliando as questões sociopolíticas que envol-
vem a língua, principalmente a gestão dos temas que são do interesse multilateral e sua
promoção internacional (assuntos que abordamos no capítulo II).
Embora vários aspectos da história sociopolítica da língua portuguesa no Brasil tenham
sido já analisados por filólogos e linguistas, o autor achou importante repassá-los aqui
porque sempre é possível oferecer interpretações diferentes para os fatos.
Este livro foi tomando forma nos últimos dez ou quinze anos em decorrência do nosso
envolvimento, acidental ou intencional, com questões de política da língua. O tema se
mostrou mais exigente do que antevisto. Cobra a cada passo um esforço de destrin-
çamento de uma complexa rede de fatos, narrativas e pressupostos ideológicos sem
o qual pouco se poderia oferecer ao leitor. O autor espera que o conjunto publicado
contribua para uma compreensão mais detalhada de vários aspectos da história socio-
política da língua portuguesa e para o trato dos desafios sociopolíticos que o presente
e o futuro nos apresentam.