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FLAGRANTES DO MUNDO JURÍDICO
licença ao MM.
Juiz é disse ao provocador:
- O Senhor está me debochando porque é Promotor e está dentro do fórum - e antes do Juiz o inter-
romper, ele prosseguiu - Se o Senhor estivesse lá fora eu lhe daria uma surra!
Num rompante o Promotor retrucou:
- Surraria coisa nenhuma, eu desmontaria você!
- Eu lhe espero amanhã à tarde na praça, em frente ao fórum, e se o Senhor for homem nós resolve-
mos a nossa diferença...
- Eu aceito! - respondeu o Promotor - se você for homem apareça no lugar que você indicou porque
eu estarei lá!
Dai o Juiz serenou os ânimos exaltados e o interrogatório foi concluído sem outro incidente porque
o Promotor deixou o recinto. Este bate boca chegou aos ouvidos da população da cidade. O Promo-
tor nem deu as mínimas pensando que tudo não passara de meras trocas de palavras.
Dormiu muito bem. Na tarde do dia seguinte o Promotor estava no seu gabinete no fórum quando o
Oficial de Justiça, meio sem graça, abriu a porta e disse:
- Doutor, o réu de ontem está na praça lhe aguardando...
- Que réu você está louco? - Só dai caiu a ficha e ele lembrou o negão que parecia um armário - Ah! Ele
quer duelar? Pois vai ter duelo!
Os funcionários do fórum tentaram demover o Promotor de ir ao encontro do oponente. O Escrivão
do Crime sugeriu chamar a Polícia para prender aquele brutamonte. Mas o agente da Lei como um
arrojado mocinho de cinema gritou, esperneou e proibiu que lhe impedissem de enfrentar o homen-
zarrão, saiu em disparada do fórum e foi de dedo em riste em direção ao seu desafeto.
Todos os que presenciaram a cena temeram pelo pior, mas o Promotor com atitude e dedo em riste
na cara do oponente, fez com que este abaixasse a cabeça e ficasse na sua frente como um cordei-
rinho. A partir daquele episódio a população tinha medo e respeito profundo pelo seu Promotor de
Justiça.
Ela era o herói da cidade. Tempos depois ele contou aos colegas mais chegados que o fato tinha
acontecido, mas que tudo não passara de ilusão de ótica. As pessoas que estavam na praça não
chegaram a ouvir uma única palavra, apenas viram o Promotor dar "de dedos"no estivador.
Ele então contava que ao mesmo instante que estava de dedo em riste dizia baixinho para o negão:
- Por favor, me perdoe, eu errei e peço desculpas! Não brigue comigo, por favor! Eu te peço pelo
amor de Deus!
E dando gostosa risada, arrematava:
- O estivador amoleceu, aceitou as desculpas e foi embora!
Guardadas as devidas proporções no caso do Ciro o final da história de tanto arroto de bravura pode
ser a mesma, ele na frente do Juiz vai sentir um frio na espinha, o suor escorrer pelas costas e a perna
tremer porque a Toga assusta qualquer um. Até jararaca morre de medo e necessita da muleta de
baderneiros profissionais para poder ficar de pé na frente do Dr. Moro, para não cair!