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FLAGRANTES DO MUNDO JURÍDICO
Por Edson Vidal
Pito no Segovia
A degradação moral da vida pública brasileira inicia e termina pela má escolha de políticos
e dirigentes. Àqueles de mais idade lembram muito bem o quilate e respeitabilidade dos
homens públicos, que se faziam respeitar e exerciam com discrição o poder de autorida-
de que estavam investidos.
Quem não lembra no âmbito do nosso estado de figuras como Bento Munhoz da Rocha
Neto, Ney Braga, Hosken de Novaes, Parigot de Souza, Jaime Canet, Mário Faraco, Ferraz
de Carvalho, Euclides Scalco, máximo Ivo Domingues, Algacyr Guimarães, Lauro Rego
Barros e tantos outros, que desempenharam com honra e lealdade os cargos que ocupa-
ram. Homens acima de qualquer suspeita e de retidão indiscutível.
Não querendo comparar com os atuais dirigentes, mas comparando, parece não existir
termos mínimos para comparação. Abstraindo comentar os que estão no governo do Pa-
raná, optei por cair direto no pior exemplo. Nos galhos do Governo Federal, um simples
lançar de olhos nos seus dirigentes de proa, dá vontade de rir para não chorar.
Nunca na história da República tantos indivíduos nocivos à Pátria se empoleiraram nos
cargos em Comissão de um único governo. Os Ministérios foram loteados não por quali-
ficação ou competência de seus indicados, mas por puro fisiologismo político partidário.
FLAGRANTES DO MUNDO JURÍDICO
Pois são os Partidos Políticos que dão sustentação e sobrevida ao Temer.
Este atua conforme mandam as conveniências e os jogos de cenas. No último ato de-
sesperado para salvar a própria pele ele não titubeou em nomear o delegado Fernando
Segovia para dirigir a Polícia Federal. Este indicado pelos impolutos homens públicos:
Sarney e Lobão.
Pensando que estaria protegido pelos seus padrinhos, Fernando não demorou em jus-
tificar sua nomeação e fez uma espalhafatosa declaração na tentativa de querer livrar o
Presidente de ser responsabilizado em um inquérito em que está indiciado. Manifestação
estapafúrdica e absolutamente palpiteira.
Postura que não agradou o Ministro Barroso do STF, encarregado do aludido inquérito,
que chamou o delegado em seu gabinete e lhe passou o devido “pito”. Homem público
que se preza deveria ter saído do local e pedido demissão do cargo em caráter irrevogá-
vel. Pois não tem mais moral para conduzir aquele Órgão Policial. No entanto sua reação
foi outra, a censura entrou em um ouvido e saiu pelo outro. E a tragicomédia continua.
Enquanto existirem “Segovias” no Ofício Público o país permanecerá vítima de uma farsa
protagonizada por gente de nenhuma estatura moral. Se certo político aqui da província
estivesse vivo, com certeza ocuparia no Governo Federal o pomposo cargo de guarda do
Erário Público Nacional. Cargo que seria criado para provimento exclusivo.
“A mediocridade impera na vida pública brasileira. É por isso que o país está metido numa
crise sem fim. Quando falta gente de estofo moral, a banalização é pura consequência”.
"Homem público que se preza
deveria ter saído do local e
pedido demissão do cargo
em caráter irrevogável."