ARTIGO
ARTIGO
122
123
Advocacia nos dias de hoje
J
á se vão 191 anos desde que foi aprovada a lei
que instituiu os dois primeiros cursos de Direi-
to no Brasil. Um deles em São Paulo, outro em
Olinda/PE. De lá para cá, o país mudou de regime po-
lítico, de monarquia virou república, passou por pe-
los menos dois períodos de ditadura, transformações
econômicas e se tornou um dos países mais conec-
tados do planeta na era em que a internet e as redes
sociais são presentes como oxigênio e promovem a
nova revolução industrial. Hoje somos cerca de um
milhão de advogados no país, quase um exército de
profissionais que buscam o seu espaço diante de pro-
blemas e oportunidades.
A advocacia é uma das principais atividades profissio-
nais do Estado Democrático de Direito. É por meio
dela que as pessoas e empresas defendem seus plei-
tos no Judiciário, no Ministério Público e diante dos
órgãos da Administração Pública. Com a advocacia,
o cidadão comum e os empresários estruturam suas
atividades, com base na legislação vigente. Essa ativi-
dade é essencial num país com normas rígidas e com-
plexas.
A atividade da advocacia forma um importante setor
da economia que contribui para o desenvolvimento
econômico nacional. Se o país cresce, crescem as demandas de novas empresas e ne-
gócios, figurando o advogado como peça principal no planejamento e estruturação da
atividade a ser praticada. Se o país entra em crise, crescem os conflitos a ensejar os mais
variados serviços jurídicos.
Mas, há espaço no mercado para esse contingente de profissionais? As novas tecnologias
e a inteligência artificial vão diminuir as oportunidades de trabalho para os advogados no
futuro? O Direito e a advocacia têm conseguido acompanhar as transformações culturais
com a mesma velocidade?
A advocacia e o Direito terão que se adaptar aos novos tempos. Não é mais possível se-
guir com a mesma velocidade com a qual promovemos adaptações no passado. Omundo
mudou. Novas tecnologias e, mais recentemente, a inteligência artificial, vêm promoven-
do transformações profundas em todas as atividades. E, nesse contexto, imaginar que o
Direito e a advocacia não serão atropelados por tudo isso é de profunda ingenuidade.
A advocacia e os advogados, juntamente com juízes, promotores e agentes públicos, pre-
cisam começar a ´navegar´ na velocidade do século XXI. Caso contrário serão substituídos
pelos foros privados das redes sociais, pelos regulamentos do Facebook, do Twitter, do
Youtube ou mesmo pelas câmaras de arbitragem que já conseguem compor conflitos
com mais eficiência e rapidez do que os aparatos estatais tradicionais.
É um mundo novo, diferente, sujeito a constantes alterações. Para sobrevivermos a ele
teremos que quebrar paradigmas e sermos flexíveis e resilientes a todo instante.
Por Evandro A. S. Grili e Rodrigo
Forcenette, advogados
"Essa atividade é essencial num país
com normas rígidas e complexas"
Fotos: Renato Lopes