Revista Ações Legais - page 102-103

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ESPAÇO DAS LETRAS
ESPAÇO DAS LETRAS
POLÍTICA
Aristóteles, tradução de Maria Aparecida de
Oliveira Silva, Edipro Editora, 352 páginas, R$ 69,90
Por vezes, furtam a responsabilidade da política
de garantir a felicidade e os direitos dos seres hu-
manos. Mas como garantir isso? Na obra, Aristóte-
les compreende o indivíduo, o seu papel na socie-
dade e na organização, a fim de avaliar as formas
de governo e como esta metodologia poderia al-
cançar um mundo ideal.
A nova tradução primou em demonstrar original-
mente os ideais de política de Aristóteles e, assim,
compreender a formação, a estrutura e o desen-
volvimento da vida em comunidade.
Após se tornar receptor do Alexandre - O Gran-
de, o filósofo e pensador concluiu que a política
influencia em todas as outras ciências de forma efetiva. Declarava que o Estado é como
uma associação, uma vez que esse modelo propicia o interesse de todos por um bem
comum.
Aristóteles é considerado o primeiro grande mentor de assuntos públicos e declara que
é impossível idealizar um indivíduo sem o Estado e que, entendendo as pessoas como
animais políticos, não é possível viver sem a sociedade. Neste sentido, as comunidades,
as cidades e até mesmo os estados são frutos da tendência do ser humano de agrupa-
mento.
Para o filósofo grego, o principal motivo desta associação humana é o bem comum, ca-
paz de proporcionar felicidade aos seus cidadãos e prosperidade à cidade. A instituição
de leis e a sua observância são fundamentais para que a comunidade seja uma associa-
ção humana feliz e próspera. Estas e outras reflexões atemporais compõem esta cuida-
dosa tradução anotada. Inclui apêndice com a tradução de “Da Monarquia, Democracia
e Oligarquia”, de Plutarco.
Aristóteles (384 a.C. – 322 a.C.) foi um importante filósofo grego, aluno de Platão e
professor de Alexandre, o Grande. Seus escritos abrangem diversos assuntos, como a
física, a metafísica, a poesia, o teatro, a música, a lógica, a retórica, o governo, a ética,
a biologia e a zoologia. É visto como uma das figuras mais importantes e um dos fun-
dadores da filosofia ocidental. Seu ponto de vista sobre as ciências físicas influenciou
profundamente o cenário intelectual e medieval e esteve presente até o Renascimento.
PSICOPOLÍTICA: O NEOLIBERALISMO
E AS NOVAS TÉCNICAS DE PODER
Byung-Chul Han, tradução de Maurício Liesen,
Editora Âyiné, 102 páginas, R$ 39,90
Consideradoumdosfilósofosmais inovadoresda
atualidade, o autor faz um diagnóstico preciso e
instigante sobre a chamada sociedade do contro-
le psicopolítico e digital, propondo reflexões em
torno de temas como crise da liberdade, ditadura
do capital, lógica do consumo, big data, e as vá-
rias formas de exercer o poder.
Nos 13 capítulos do livro, Han adverte para uma
mudança de paradigma histórica e particular na
sociedade: sob o regime neoliberal, a liberdade
estaria caminhando rumo a uma dialética fatal,
transformando-se em coerção. Na perspectiva
do autor, os indivíduos se alimentam da ilusória
crença de que são livres, quando, na realidade,
são sujeitos submissos. Para redefinir a liberdade,
seria necessário tornar-se herege, voltar-se à livre escolha e livrar-se da obrigação de confor-
midade.
Han recheia o livro com referências filosóficas de diversos pensadores, entre os quais Karl
Marx, Foucault, Gilles Deleuze, GeorgeOrwell eWalter Benjamin. Para o autor, o regime neoli-
beral inventa formas de exploração cada vezmais refinadas e sutis. A sociedade, na era digital,
dispõe de instrumentos como mídias sociais, big data e smartphones que são utilizados para
monitorar, controlar, quantificar e explorar a psique dos indivíduos. Oneoliberalismo, dizHan,
é o capitalismo do curtir; o curtir é o amémdo digital; e o Facebook, a igreja ou a sinagoga do
digital.
O autor alerta para o fato de que a exploração da psique e a profunda crise de liberdade pro-
vocamo esgotamento do indivíduo e doenças psíquicas como depressão e burnout. Segundo
ele, aqueles que fracassam estão fadados a se tornarem depressivos e a se culparem pelos
problemas, semcondições de apresentaremqualquer tipo de resistência ao sistema, transfor-
mando a sociedade emuma arena de espectadores passivos.
Nascido em Seul, Han alcançou grande notoriedade internacional, tornando-se um dos mais
reconhecidos pensadores sobre os males que atingem a sociedade neoliberal depois da que-
da do Muro de Berlim. Ex-professor da Staatliche Hochschule für Gastaltung, em Karlsruhe,
ele leciona atualmente Filosofia e Estudos Culturais na Universidade de Künste, emBerlim, e é
autor de ensaios sobre globalização e hipercultura.
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