Revista Ações Legais - page 104-105

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ESPAÇO DAS LETRAS
TRÊS UTOPIAS CONTEMPORÂNEAS
FrancisWolf, tradução deMariana Echalar, Editora Unesp, 120
páginas, R$ 38,00
“Estamos cansados das utopias literárias e dos devaneios sobre
a Cidade ideal: as utopias em ação que foram os totalitarismos
do século XX nos nausearam.” Essa é a base do pensamento do
filósofo e professor da E´cole Normale Supe´rieure, em Paris,
FrancisWolff, que destrincha as utopias atuais neste livro.
Segundo o autor, as antigas utopias falavamda rejeição do pre-
senteedo real: “Existeomal na comunidadedos homens”.Mas
não lhe contrapunhamo futuronemopossível; elas descreviam
um impossível desejável. Desde Fourier até osmarxistas científi-
cos comoMarx e Engels, esses utopistas “eram revolucionários
quando não eram realistas, e quando eram realistas não eram
revolucionários. Nunca visarama eliminar oMal para sempre e derrubar as comunidades polí-
ticas existentes para instaurar o Bem”, explica na Introdução.
Ao longo dos três capítulos seguintes, ele apresenta três utopias contemporâneas. A primeira
é a pós-humanista, que acabou por instalar o reino dos direitos individuais, “pois não deseja-
mosmais umEstado ideal que nos una e nos faça umnós, umnós inédito, umnós que seja um
nós mesmos: esperamos somente que esse Estado nos deixe em paz, cada um por si, e nos
permita realizar as aspirações individuais a que acreditamos ter direito”.
A segunda utopia é a animalista, herdeira das grandes esperanças de libertação coletiva do sé-
culoXX. “Ela sonha comumnovo ‘nós’, umanova comunidade alémdapolítica, a comunidade
de todos os animais sensíveis”.
Wolff então aponta que, a partir destas, “sonhamos para o homem um futuro divino ou um
destino animal” e questiona se “haveria lugar para uma utopia humanista entre essas duas
utopias anti-humanistas?” Propõe então que se adote uma postura cosmopolítica, uma uto-
pia a ser inventada e que seria, a seu ver, o estágio superior do humanismo, a reconciliação do
animal político com o animal falante. “O cosmopolitismo se alimenta de diversas realidades
opostas”, pontua.
Se, por um lado, as imigrações estão crescendo em todas as direções e em nível planetário,
por pressão das guerras, dos conflitos, do aquecimento global e, sobretudo, da miséria., por
outro, as fronteirasestãose fechando, gerandocriseshumanitárias. Emtermosde representa-
ção, têm-se tambémdois fenômenos opostos: Por um lado, os nacionalismos populistas estão
avançando em quase todo o mundo, acelerando as políticas anti-imigratórias e as ideologias
xenofóbicas. Mas, por outro, o sentimento de estraneidade está diminuindo com a mundiali-
zação e a cosmopolitização.
Diante deste cenário, Wolff defende uma terceira utopia, a cosmopolítica, que se caracteriza
“pela éticada justiça (uma éticada terceirapessoabaseadana troca ena reciprocidadedentro
da comunidade), que defende abolição das fronteiras e a ideia de concidadãos”.
Francis Wolff nasceu na França em 1950. É filósofo e professor da Ecole Normale Supérieure
(Paris). De 1980 a 1984, lecionou Filosofia Antiga na Universidade de São Paulo. É autor de
diversas obras, dentre as quais destacam-se Sócrates (Brasiliense, 1982), Dizer o mundo (Dis-
curso Editorial, 1999), Aristóteles e a política (Discurso Editorial, 1999) e Nossa humanidade
(Editora Unesp, 2013).
SOCIAL
Ambiente descontraído
e velho rock marcaram
Happy Hour da APEP
O
rock ‘n roll foi um dos destaques do Happy Hour que a Associação dos Procura-
dores do Estado do Paraná promoveu para seus associados, no dia 11 de outubro.
O encontro informal, que aconteceu na sede da APEP, promoveu a integração
entre dezenas de procuradores do Estado, associados da entidade, e seus convidados.
Os músicos da banda Old Roosters conquistaram os presentes com o bom e velho rock.
No cardápio, hambúrguer gourmet acompanhado por quatro tipos de chope artesanal.
Foi uma noite de confraternização, disse o presidente da APEP. “Já é tradição da Associa-
ção reunir os procuradores para um encontro informal e descontraído, como forma de
reduzir o estresse do dia a dia”, afirmou Eroulths Cortiano Junior.
A iniciativa também tem por objetivo aproximar e fortalecer a categoria. “São nessas oca-
siões em que colocamos a conversa em dia. As novidades, ideias e experiências são com-
Fotos: Bebel Ritzmann
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