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des causadas pela cultura então vigente em
relação às mulheres. Quando foi convidada
por René Ariel Dotti, seu professor de gra-
duação, para estagiar em seu escritório,
foi impedida por seu pai. “Se você decidir
trabalhar, eu vou embora para São Paulo”,
contou amagistrada. “Fiquei 19 anos e 5me-
ses no escritório”, relembra. Como todas as
mulheres, a desembargadora também teve
dificuldades em conciliar maternidade e o
trabalho. “Acho que todas nós sofremos
por deixá-los sozinhos para trabalhar”, ex-
plicou. A advogada que foi a primeira mu-
lher vice-presidentedaOABParaná também
foi a primeira a presidir o Tribunal Regional
Eleitoral e a primeira a integrar o Tribunal
da Alçada e o Tribunal de Justiça do Paraná.
“A experiência que tenho é a luta e o amor
pelo Direito, a certeza por fazer o certo e a
verdade de estar agindo corretamente.”
Capacidade de ouvir
O interesse de Rogéria pelo Direito veio do
entusiasmo de seu pai ao contar histórias ju-
rídicas durante os almoços em família. Ape-
sar do incentivo, a advogada, na época ain-
da estudante, sentia-se frustrada por não
poder estagiar. “Meu pai nunca me chama-
va, dizia que a teoria era mais importante
e que a prática aprendemos rapidamente”,
lembrou. Para Rogéria, o Direito ensinou
três lições valiosas: o respeito, a dedicação
ao trabalho e o amor. “Nós, mulheres, te-
mos um instinto de cuidado e o cliente pre-
cisa ser ouvido. Temos essa capacidade”,
observou.