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(deputados, senadores e presidente) não conseguem coordenar políticas integradas. O
crime se espalha pelas periferias, seja em uma favela ou em estados mais pobres. As fac-
ções são as mesmas do Oiapoque ao Chui e, na maioria das vezes, passam dessas fron-
teiras para outros países. Em contraponto, as ações de nossas polícias são cada vez mais
locais. Um contraste mortal. Qualquer ação, como uma intervenção em um estado, não
fará cócegas aos problemas. A questão deve ser tratada nacionalmente.
A situação é claramente preocupante, mas enquanto postergarmos as medidas de longo
prazo, mais estes números baterão marcas históricas. É necessário investir nos nossos
jovens hoje, para que se tornem adultos mais conscientes e ajudem a mudar o Brasil. Atu-
almente, a luta é ainda mais atrás. Não conseguimos deixá-los chegarem a fase adulta.
O nosso futuro está morrendo na nossa frente. Como pensar em novos políticos, se não
deixarmos nossos jovens crescerem?
Por Marco Antônio Barbosa, especialista
em segurança, mestre em administração
de empresas e MBA em finanças
ARTIGO
Estamos matando o nosso
futuro
E
ntra ano e sai ano a violência fica cada vez mais
exposta nos noticiários. E uma parcela impor-
tante para o futuro do nosso país é a que mais
sofre com esta situação: os jovens. Mais uma vez
alarmante, o novo Atlas da Violência - divulgado esta
semana pelo Instituto de Pesquisa Econômica Apli-
cada (Ipea) e Fórum Brasileiro de Segurança Públi-
ca – mostra que o Brasil alcançou a marca histórica
de 62.517 homicídios no ano de 2016. Deste número,
53,7% são jovens entre 15 a 19 anos.
No país, 33.590 adolescentes saíram de casa e não
voltaram em 2016, sendo que 94,6% eram do sexo
masculino. Entre os homens, o crime mata mais do que qualquer doença, batendo 56,5%
das causas de óbito.
Os dados também mostram como as políticas de segurança e públicas (que criam opor-
tunidades para este público) são falhas e ineficientes. Os números aumentaram 7,4% em
relação ao ano anterior. Considerando a década de 2006-2016 o país sofreu um aumento
de 23,3%.
Nada efetivo foi feito para trazer segurança para as nossas crianças e isso é um problema
complexo que começa na falta de investimento em educação. Sem ensino, sem oportuni-
dade. Com isso, o crime aparece como única solução, principalmente para a parcela mais
pobre da população. Isso sem contar a falta de investimento em infraestruturas básicas
como saúde, moradia e transporte. Essa conta chega a um resultado muito triste. Joga-
mos mais uma geração na mão do crime organizado que a usa como bem entende. Que a
usa como soldados.
O estudo aponta outra questão que deve ser debatida: em alguns estados o problema
é ainda maior que em outros. Enquanto houve redução nestas taxas em São Paulo, por
exemplo, no Rio Grande do Norte cresceu 382,2% entre 2006 e 2016. Isto é reflexo da falta
de uma visão geral da situação pelos governantes. Mostra como nossos políticos federais
Nada efetivo foi feito para trazer
segurança para as nossas crianças e isso
é um problema complexo que começa na
falta de investimento em educação.
Foto: Divulgação