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MOMENTO ECONÔMICO
Credores e devedores se
aliam para sair da crise
S
er parceiro do devedor, nego-
ciar como credor, reestruturar
e otimizar a empresa, adquirir
um concorrente ou avançar em no-
vos mercados são temas que ficam
ainda mais intensificados nestes mo-
mentos de crise. A economia enfra-
quecida, os escândalos de corrupção
na Petrobrás, a Operação Lava Jato,
a diminuição de oferta de crédito pe-
las instituições financeiras, a retração
das faixas de expansão, o aumento
dos indicadores de inadimplência, o
Judiciário sem estrutura, e tantas ou-
tras mazelas que assolam o país têm
levado as empresas para as mesas de
negociação para solucionar proble-
mas de inadimplência e buscar outras
estratégias para os seus negócios.
“Se a empresa é credora, ela não
pode simplesmente massacrar o de-
vedor, e com isto eliminar qualquer
possibilidade de recuperar seus ati-
vos e valores a receber. Ela deve bus-
car alternativas e construir caminhos
estratégicos, e muitas vezes estar ao
lado da empresa devedora como uma
forma de fomentar a sobrevivência
desta e potencializar os seus resul-
tados favoráveis, reduzindo conse-
quentemente sua inadimplência sem majorar os seus riscos”
ensina a advogada Luciana Kishino, sócia do escritório Becker
Flores Pioli Kishino – Advocacia Empresarial. Já pelos devedo-
res, segundo Luciana, o raciocínio é o mesmo, pois estes, além
da proteção ao seu patrimônio e ativos que muitas vezes são
consumidos nestas crises, não podem entrar em aventuras ju-
rídicas ou milagres que muitas vezes são prometidos, indevi-
damente, e romper os laços com os fornecedores e credores
estratégicos, que são essenciais ao seu negócio e estarão lá
quando a crise terminar. “Desta forma, o que deve ser crucial
nestes momentos é a correta estratégia jurídica e financeira,
seja pelo credor, seja pelo devedor”, afirma Luciana Kishino.
Segundo a advogada, as con-
sultas e movimentos neste seg-
mento aumentaram em mais
de 50% neste primeiro trimes-
tre, em comparação com perí-
odos passados.
“As empresas de assessoria fi-
nanceira também observaram um grande aquecimento, seja pela
busca de reestruturação, otimização interna, redução de custos,
análise de perfil de dívidas, e outros movimentos”, comenta Mar-
cos Lima, sóciodaGo4, empresa especializada emreestruturações
financeiras e organizacionais.
E um terceiro movimento que apresenta crescimento são as
consolidações, fusões e aquisições, por mais estranho que
possa parecer isto em momentos de crise. “Como o crédito
está escasso, aumento de custos internos, mercado recessi-
vo, câmbio favorável aos estrangeiros, somar forças revela-se
uma solução, pois posso unir-me a um concorrente, verticali-
zar os negócios adquirindo um fornecedor estratégico, fazer
aquisições para ampliar mercados rapidamente, aproveitar
ativos e negócios que estão mais baratos e outros movimen-
tos, comenta Ricardo Becker, sócio da B2L Investimentos e só-
cio da área de M&A da Becker Flores Pioli Kishino – Advocacia
Empresarial.
Advogada Luciana Kishino
Foto: Divulgação
“Se a empresa é credora,
ela não pode simplesmente
massacrar o devedor”