Revista Ações Legais - page 174

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Por Edson Vidal
FLAGRANTES DO MUNDO JURÍDICO
Um Cavalo no Sofá
D
ia ocioso e próprio para escrever futilidades. Tenho um compadre maravilhoso,
uma comadre idem, afilhados fora de série, eles constituem uma família que dá
gosto de conviver pelo trato, educação e carinho. Eles residem num apartamen-
to muito bem decorado, de fino gosto e aconchegante. Só não visito com mais frequ-
ência como gostaria porque eles têm um cachorro que não vai com minha cara, nem eu
com a dele.
Acho que fomos inimigos mortais em outra encarnação. Ou ele foi meu dono e me
judiou muito; ou ele foi o cachorro que me mordeu e eu lhe dei umas boas chineladas.
Só pode ser. A criatura tem uma cara achatada, é de porte médio, balofo como luta-
dor de sumô, não late, tem um rabo pitoco e me encara sem desviar os olhos.
Ele é tão implicante que antes de eu sentar na poltrona ele sem cerimônias se aloja
bem ao meu lado, me olhando como se eu fosse um Gilmar da vida. Eu falo sem gesti-
cular e quando dou risada torço pelo brutamontes não achar que eu estou rindo dele.
E quando não olho em sua direção, ele levanta todo o seu corpanzil, sai do sofá e dei-
ta em cima dos meus pés. Como diria a Hebe: “Ele é uma gracinha!”.
Tenho vontade de jogar ele pela janela do apartamento e só não tenta porque ele é mais
pesado do que eu -, mesmo porque não me atrevo, porque minha afilhada (dona do
“Lulu”) não merece. No final da visita chego a casa e tomo um copo de água com açúcar.
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