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ESPAÇO DAS LETRAS
ELEIÇÕES MUNICIPAIS, NOVAS ONDAS NA POLÍTICA
Antonio Lavareda e Helcimara Telles, Editora FGV, R$ 42,00
Trinta e três autores assinam os 14 capítulos desta coletânea. Professo-
res, pesquisadores e avaliadores que fazemparte de 29 conceituadas ins-
tituições de ensino e pesquisa do Brasil, Alemanha, Bolívia e Espanha.
As análises contidas no volume, o terceiro de uma trilogia sobre Elei-
ções Municipais, abordam as novas ondas na política, o aguçamento
da crise de representação, o surgimento de novos partidos, a derrota
de legendas tradicionais, o crescimento das alternativas identitárias,
a radicalização ideológica e o acirramento da polarização, estimulada
pelas mídias sociais.
Este volume completa uma trilogia que começou a ser publicada 2011
e acompanhou a sequência de eleições municipais brasileiras nos anos de 2008, 2012 e 2016,
desta vez incorporado ao diálogo eleições locais na Alemanha, na Espanha e na Bolívia. Ele
é um dos produtos da exitosa cooperação institucional entre o Grupo de Pesquisa “Opinião
Pública, Marketing Político e Comportamento Eleitoral”, da Universidade Federal de Minas
Gerais (UFMG) e o Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe). O terceiro
livro desta trilogia é especialmente rico. Ele é testemunha da chegada das novas ondas na
política. Um fenômeno mundial que também chegou ao Brasil, onde ganhou feição própria,
incorporado às nossas especificidades. Os 14 capítulos apresentam interpretações originais
desse processo que reverberam de formas distintas nas diversas eleições municipais realiza-
das no Brasil e nos países analisados.
ESSE NOSSO JEITO BÉLICO DE VIVER
Karine Aragão, Lura Editoral, 95 páginas, R$ 19,50
O livro reflete sobre um sintoma contemporâneo: nossos mecanismos
de sociabilidade parecem reduzir a cada dia, comprometendo nossas
possibilidades afetivas e comunicativas. Temos perdido a capacidade
de ponderar, de dialogar, de estabelecer afetos. Todos que não forti-
fiquem nossa câmara de eco – que não concordem com nossas pers-
pectivas – se tornam descartáveis, obsoletos, são cancelados.
O belicismo cotidiano exibe nosso lado mais indolente, pois atraves-
sa, quase imperceptível, as nuances das relações interpessoais. Des-
viar nosso olhar do cotidiano é um dos primeiros passos em direção à
alienação: vamos terceirizando atitudes; e, consequentemente, legiti-
mamos a cultura do medo, da ameaça e da violência. Eu quero te convidar a pensar sobre por
que chegamos até aqui e sobre o quê podemos fazer para transformar esse quadro.
Segundo a autora, o “belicismo cotidiano” surge quando a discordância é interpretada como
um confronto e a reação automática é eliminar do convívio a ameaça, cancelá-la. Tal ação
exibe o lado mais impassível do ser humano, que constrói sua subjetividade sob o signo do
bélico, fenômeno exposto e analisado por Karine. O livro convida o leitor a pensar “por que”
e como chegamos a essa inabilidade de dialogar, de sentir, de nos aproximarmos do outro, e
sobre o quê podemos fazer para transformar esse quadro.