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ESPAÇO DAS LETRAS
ESPAÇO DAS LETRAS
A Fé
Tomás de Aquino, tradução Paulo Faitanin e Bernardo Veiga,
Editora Edipro, 160 páginas, R$ 45,00
A editora Edipro, em parceria com o Instituto Aquinate, con-
tinua a empreitada de publicar uma série de textos inéditos,
editados em vernáculo, acessível com breve introdução des-
critiva e notas à tradução no intuito de pouco ou quase nada
interferir nas obras. A partir desse propósito é que chega às
livrarias de todo o país o livro A fé, escrito por Tomás de Aqui-
no, traduzido por Paulo Faitanin e Bernardo Veiga.
A obra – que é uma tradução inédita em português da ques-
tão 14 das Quaestiones disputatae De Veritate, composta de 12 artigos – expõe com
excelência a distinção entre a fé formada e a fé informe. Este material vem para auxiliar
o leitor de noções básicas da visão do autor sobre a fé, natureza, definição, ato, objeto,
unidade, efeitos, dons e relação com a razão e com a ciência.
O objetivo do autor não foi trazer uma única verdade sobre a fé. Neste compilado de
artigos ele traz as indagações mais importantes que foram descritas em 12 capítulos: O
que é crer?; O que é a fé?; A fé é virtude?; Qual é o sujeito da fé?; A caridade é a forma da
fé?; A fé informe é virtude?; É o mesmo hábito da é informe e o da fé formada?; O objeto
próprio da fé é a verdade primeira?; Pode haver fé sobre as coisas sabidas?; É necessário
que o homem tenha fé?; É necessário crer de modo explícito?; É a mesma fé a dos mo-
dernos e a dos antigos?
Os tradutores, Paulo Faitanin e Bernardo Veiga, realizaram diversas pesquisas a respei-
to dos textos dos Padres citados pelo autor no livro. As referências foram seguras, de
modo a ajudar o leitor a entender melhor o contexto e acompanhar claramente a leitu-
ra.
Tomás define a fé como uma virtude infusa por Deus no intelecto, que traz uma verda-
de a que o intelecto assente e um bem que a vontade consente. É o dom que ilumina o
intelecto do homem com as sementes da verdade primeira, projetando-o para ver com
mais clareza as verdades segundas. Por esse mesmo motivo, a razão e fé não se opõem,
mas se completam na atual vida do homem.
Sobre o autor:
Tomás de Aquino [1225-1274], filósofo e teólogo dominicano, escreveu diversas obras
e, entre as mais importantes, contamos as famosas Questões Disputadas, fruto de uma
metodologia original e própria da atividade acadêmica da universidade medieval. Delas
derivam as mais célebres contribuições do tomismo para a Filosofia e a Teologia.
Nas sombras do Estado Islâmico - Dans la nuit de
Daech
Sophie Kasiki, tradução de Jorde Bastos, Editora BestSeller, 160
páginas, R$ 29,90
O que leva alguém a se mudar para a ‘capital’ de um grupo
terrorista que já fez milhares de vítimas pelo mundo? Torna-se
ainda mais difícil de responder a pergunta quando a pessoa é
uma mulher que resolve partir com seu filho de apenas qua-
tro anos. Esta é a história de Sophie Kasiki, francesa nascida
no Congo que, em fevereiro de 2015, abandonou a família em
Paris para ir para a Síria.
Em “Nas sombras do Estado Islâmico”, Sophie conta como seus questionamentos pes-
soais e o sentimento de morbidez fizeram com que ela tomasse a decisão de ir embora
de Paris. Para ela, ‘era a França e sua vida moderna e egoísta’ que a escravizava e tirava
sua energia vital: “A ideia de partir para a Síria se apresentava como alternativa à vonta-
de de morrer”, conta no livro.
Sophie foi para a Síria a convite de três jovens amigos que conheceu durante seu tra-
balho como assistente social nos subúrbios de Paris. Seduzida pelo discurso deles, que
já haviam se mudado para a capital do grupo terrorista, e certa de que a religião preen-
cheria o vazio que a perturbava, ela seguiu viagem dizendo para a família que estaria de
férias na Turquia. Ela acreditou que poderia ir para o país sem aderir ao Estado Islâmico
e que poderia viver à moda ocidental, o que imediatamente se revelou impossível.
Enquanto mostra como o carinho que nutria pelos jovens meninos se transformou em
raiva e medo, já que eles se tornaram perigosos fundamentalistas, Sophie compartilha
seu relato de arrependimento e o drama para conseguir voltar para casa.
Trecho: “Assustada, me perguntava como pudera chegar àquele ponto, dependendo
de desconhecidos, fugindo para salvar minha vida e carregando meu filho adormecido
em um país em guerra. Essa pergunta seria recorrente nos meses seguintes, quanto
teria mais tempo para analisá-la. E também teria de responder a dezenas de questões
ansiosas, dolorosas e até acusatórias de minha família, de meus amigos, assim como da
polícia. Todos exigiriam explicações. Tentaria satisfazê-los. Buscaria as possíveis origens
do grande cataclismo que atravessara minha vida havia menos de um ano, comprome-
tendo e ferindo meus amigos, meu marido, e pondo em risco a vida de meu filho e a
mim. Buscaria no passado longínquo, revisitaria minha infância e juventude, revendo
os erros cometidos e procurando enfrentar com lucidez as insatisfações e ilusões. Toda
trajetória de vida é singular. A minha me levou ao grupo Estado Islâmico, commeu filho
de quatro anos, pouco antes de eu completar 33.