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FLAGRANTES DO MUNDO JURÍDICO
Por Edson Vidal
Gilmar: O Intragável!
T
em gente que assume o papel de turrão e não adianta querer modificar, porque gosta de
ser do contra, remar contra a maré e se satisfaz com a crítica. Pertence ao rol daqueles
que dizem: falemmal de mim, mas falem! É o pai da verdade e senhor da própria razão. O
Gilmar neste comportamento desavergonhado é por assim dizer o cara, que o Roberto Carlos
insiste em querer se auto intitular.
Eu tenho um amigo que conhece e convive com o Gilmar quase diariamente em Brasília, seu
nome é Lázaro, o homem do cafezinho. Gilmar tem pendores pelo café preparado pelo Lázaro,
é por isso que nasceu forte amizade entre ambos. Na minha recente estada na Capital Federal,
encontrei o Lázaro quando ele estava de folga do serviço e foi assistir uma missa na Catedral
da cidade.
Eu estava rezando para me redimir dos meus pecados.
- Oi, Lázaro! Sou eu o seu amigo de Curitiba.
Ele que estava sentado no banco da frente, virou a cabeça para trás e foi dizendo:
- Chegou quando?
- Ontem -respondi- vim para conversar com o Gilmar!
- Está com problema? Tem alguém preso na família?
- Não!
- Pretende soltar alguém?
- Também não...
- Tem algum amigo empresário envolvido com o Lava Jato?
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- Ninguém!
- Então vai falar com ele para que?- falou tão alto que sua voz foi ouvida em todo Templo, e vá-
rios fiéis nos olharam com certo ar de censura. Ficamos calados até o encerramento da Missa.
A conversa continuou do lado de fora:
- Estou curioso, você vai falar com o Gilmar para que?
- Para entrevista-lo!
- Ah! Disso ele gosta muito. O homem fala contra tudo e contra todos, além de "amar" conce-
der habeas corpus para bandidos e corruptos!
- E no serviço, como ele é?
- Difícil de dizer: ele viaja muito para dar aulas, conferências, gosta de encontrar o Temer sob
a luz de velas, não se dá por impedido e não acolhe suspeição para atuar nos processos, nem
que sua mãe fosse à ré!
- E o temperamento?
- Transparente...
-?
- Faz e desfaz e não dá as mínimas! Abaixo dele, só Deus! Ele teima em querer acabar com a
Lava Jato e acho que vai conseguir.
- Como? -reagi indignado.
- Ele tem uns coleguinhas que o acompanham sem nenhuma censura.
- Pombas, então o ambiente na Casa esta feio!
- Pior é impossível!
- Acho que nem vou entrevista-lo, não aguento entrar em ambientes negativos, salvo quando
vou à casa da minha sogra...
- Acho melhor mesmo! Lá a maré não está para peixe miúdo.
Foi o suficiente para desistir da entrevista. Peguei o primeiro voo de volta para casa. Quando
a aeronave levantou voo fiquei entregue as minhas elucubrações. De imediato pensei que o
Gilmar deve estar possesso e esperando até agora pela entrevista que não foi realizada.
Acho que foi melhor assim, não gosto nem um pouco de falar com pessoa chata e muito me-
nos intragável! Voltei a cruel realidade pela desgraça de estar sentado na poltrona do meio,
pois ao inadvertidamente disputar os braços móveis dos assentos, olhei para a esquerda e vi
sentada a Amante, e quando olhei para o lado direito estava refestelado a Maria Louca! Fiquei
duro, sem reação alguma e fingi que dormia na esperança de chegar logo em Curitiba! Mas que
nada, a viagem parecia uma eternidade...
“Pessoa chata, turrona e pegajosa só serve para dissolver roda de amigos. Ser do contra sem
nenhuma razoabilidade e bom senso é se achar dono do mundo. Muito mais, do que o Verda-
deiro Dono!”