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Universidade Estadual do Norte do Paraná iniciou as atividades do Núcleo Maria
da Penha (NUMAPE/UENP), projeto de extensão vinculado ao programa Univer-
sidade Sem Fronteiras da Secretária de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino
Superior (SETI). O Núcleo multidisciplinar tem por objetivo fornecer suporte e orienta-
ção jurídica gratuitos, bem como auxílio psicológico, a mulheres em situação de violência
doméstica. Nesta quinta-feira, dia 1º de fevereiro, o NUMAPE realizará uma ação, na rua
Paraná, em Jacarezinho, com a intenção de apresentar o Núcleo e conscientizar os co-
merciários e a comunidade da cidade sobre a importância da mulher.
A atividade, que marcará ainda o lançamento da campanha “#MULHERÉSERHUMANO”,
PROJETO DE EXTENSÃO
Núcleo Maria da Penha
inicia atividades na UENP
Integrantes do NUMAPE e servidores da reitoria da UENP participam da campanha
“#MULHERÉSERHUMANO”
por meio da entrega de uma pulseira, é realizada também em comemoração do reconhe-
cimento pelo Brasil da Convenção sobre a Eliminação de todas as formas de discriminação
contra a mulher. O slogan “Mulher é ser humano” é baseado no artigo “Se as mulheres
fossem seres humanos”, da desembargadora do Tribunal da Relação de Lisboa, Maria Te-
resa Féria de Almeida. “Estamos relacionando várias situações do cotidiano a essa cam-
panha em postagens nas redes sociais. Por exemplo uma mulher que cozinha bem não é
uma mulher que está pronta para casar, mas sim um ser humano que está pronto para se
virar sozinho”, acentua Brunna Rabelo Santiago, advogada do Núcleo.
O novo projeto, além de trabalhar commulheres em situação de violência, contará, ainda,
com o viés social, promovendo atividades feministas de prevenção à violência doméstica
voltadas para a comunidade jacarezinhense. O projeto atenderá também a crianças numa
dimensão preventiva, explica Brunna Santiago. “Buscaremos cuidar da socialização da in-
fância, descontruindo estruturas engendradas, como correntes nos discursos de que isso
é de menino e isso é de menina, o azul é para o menino e a cor rosa, para a menina. Des-
sa forma, o pensamento acaba se tornando reprodutivo. Nossa intenção é ir às escolas
e conscientizar às crianças de que isso não existe”. O Núcleo irá trabalhar também com
professores e agentes de saúde para esclarecimentos sobre Lei Maria da Penha.
Sobre a Lei Maria da Penha, que ampara os trabalhos do NUMAPE, Layana Laiter Martins,
advogada do Núcleo, salienta que ela não traz só a violência física como crime, mas tam-
bém a violência patrimonial, moral, psicológica e social. “Então todos esses tipos de vio-
lência são crimes, não só aquela que deixa marca. O marido controlar o salário da mulher,
já se configura como um tipo de crime, um tipo de violência contra a mulher”, adverte.
Layana destaca que a Lei protege a mulher contra todos crimes enumerados, mas lamen-
ta que a sociedade tenha naturalizado os crimes diferentes da violência física. “Sofri vio-
lência psicológica, não é violência? É violência sim e é crime e tem pena”, complementa.
Para a psicóloga do Núcleo, Fernanda Cristina, a mulher quando está em situação de vio-
lência, acaba estabelecendo uma dificuldade de relação de confiança, ao se relacionar
com outras pessoas. “Quando se entra em uma relação amorosa, tenta-se manter o má-
ximo de confiança possível. E quando a mulher passa por todo esse ciclo de violência,
tanto a física, quanto a psicológica, moral, patrimonial e ou sexual, a mulher acaba sendo
fragilizada nesse ponto de não puder confiar mais no parceiro que era em quem mais
depositava confiança”, observa. Ela comenta que no Núcleo, a partir de um contexto
histórico, será realizado o acolhimento e acompanhamento da mulher em situação de
violência. “Levaremos as mulheres nessa condição a refletir sobre a situação que viven-
ciou, para que ela possa realmente entender que aquilo foi uma violência independente
de suas formas”, finaliza.
Foto: Divulgação