Revista Ações Legais - page 48-49

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ou parcialmente).
Mesmo diante da escassa participação nas ações coletivas, os estudantes pensam que o
jovem de 16 anos está preparado para votar: 37,6% acham que sim, e 26,15% concordam
parcialmente. 36,3% dos pesquisados, por sua vez, creem (parcial ou totalmente) que o
adolescente de 16 anos não tem preparação suficiente para exercer o direito/dever do
voto. Direito, aliás, que eles defendem que seja mantido como obrigação legal: 41,2% con-
cordam totalmente e 18,2% parcialmente com a obrigatoriedade do voto. Contraditoria-
mente, apenas 33% dos pesquisados com idade entre 16 e 18 anos disseram já ter feito o
título de eleitor.
Rejeição aos políticos
De qualquer modo, a decepção com os “representantes do povo” é grande, pois 68,7%
concordam parcial (38,46%) ou totalmente (30,24%) que “os políticos são todos corrup-
tos”. Corrupção, entretanto, que não encontra grandes barreiras entre 19,8% dos pesqui-
sados, pois 14,2% concordam totalmente e 5,6% parcialmente com a frase: “Venderia meu
voto por R$ 1 mil”.
A grande maioria dos alunos não acredita que os políticos representam bem a socieda-
de. As porcentagens que indicam essa descrença são significativas no que diz respeito a
senadores (75,4%), deputados federais (74,3%), deputados estaduais (74,7%), vereadores
(67,3%), governador (77,8%) e, sobretudo, presidente da República (81,8%).
Desconhecimento
As respostas a questões ligadas à cidadania e à representação política mostram notável
desconhecimento quanto ao funcionamento das instituições. Responderam não saber
o que é a Constituição Federal 41,2% dos alunos. E o que faz um deputado estadual? 41%
dos estudantes não sabem, assim como 33% não têm ideia do que faz um juiz de Direito,
e 39,3% dizem o mesmo do Ministério Público.
A pesquisa detectou ainda que o principal meio de informação para 31,48% dos estudan-
tes é a internet – a TV apareceu em segundo lugar, com 28,9%. Os jovens elegeram como
problemas mais graves nos seus municípios a saúde (26,2%), a segurança (16,3%), o desem-
prego (15,9%), o saneamento básico (15,5%) e a educação (10,5%). Outro indicador interes-
sante é que mais de um terço dos estudantes (34,3%) diz colaborar com a renda familiar.
Passividade
O promotor de Justiça Eduardo Cambi, coordenador do Geração Atitude, viu o resultado
da pesquisa com preocupação, especialmente no que se refere à passividade revelada
pelos estudantes. “Eles acreditam que a corrupção é um dos grandes problemas do país
e que os políticos não representam adequadamente a sociedade, mas não tomam atitu-
des para mudar esse quadro. São pouquíssimos os que têm interesse pela política e que
participam de atividades de cidadania, dentro ou fora da escola. Ou seja, os jovens acre-
ditam que a situação está ruim, mas pouco ou nada fazem para mudá-la e parecem não
acreditar na força da participação popular”, lamenta Cambi.
O procurador de Justiça Armando Antônio Sobreiro Neto, coordenador das Promoto-
rias de Justiça Eleitorais do Ministério Público do Paraná, avalia que a baixa participa-
ção na vida cívica revelada pela
pesquisa é um reflexo da falta de
cultura de uma vivência comuni-
tária. “Percebe-se que não há in-
centivo no âmbito familiar. Tam-
bém as escolas investem pouco
na previsão de práticas cívicas.
Esse quadro de apatia e de falta
de compreensão da importância
das ações comunitárias explica
o baixíssimo índice de interesse
na política, inclusive atividades
partidárias, como instrumento
de transformação da realidade
social, pois através dos partidos
políticos se pode interferir nas
prioridades das decisões políti-
co-administrativa, com reparti-
ção mais adequada das riquezas
produzidas pelos brasileiros”,
pontua.
O promotor de Justiça Eduardo Cambi também acredita que o retrato encontrado nas
instituições de ensino é um espelho da sociedade. Visitando escolas nas ações do pro-
grama, especialmente à noite, diz ter encontrado muitos alunos que trabalham de dia e
chegam cansados à sala de aula, bem como professores desmotivados. “É preciso fazer
algo para mudar o cenário cinza de algumas escolas”, afirma, acreditando que o incentivo
ao exercício da cidadania pode ajudar a alterar esse quadro. “A escola pode se aproximar
mais dos problemas sociais e, ao invés de trabalhar com temas abstratos, ensinar, por
"Esse quadro de apatia e
de falta de compreensão
da importância das
ações comunitárias
explica o baixíssimo
índice de interesse
na política, inclusive
atividades partidárias,
como instrumento
de transformação da
realidade social"
MINISTÉRIO PÚBLICO DO PARANÁ
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